“Governo não pode arrastar Portugal para cúmplice desse massacre”, acusa BE: navio com bandeira portuguesa terá levado armas para Israel

Um navio com bandeira portuguesa terá transportado armas para Israel, destaca o Bloco de Esquerda, que esta quarta-feira deu entrada na Assembleia da República um conjunto de questões para o Ministério dos Negócios Estrangeiros: de acordo com a edição desta quinta-feira do jornal ‘Público’, o Governo garante que “não recebeu qualquer alerta sobre este navio”, mas vai tentar “apurar a situação”.

Nas perguntas, os bloquistas, que salientam que “o Governo não pode arrastar Portugal para cúmplice do massacre em curso”, colocaram três questões ao Executivo. “O Governo já retirou a bandeira ao navio proibido de aportar nos portos da Namíbia por transportar armas para Israel? Vai o Governo proibir qualquer navio com pavilhão português de se envolver no transporte de armas, munições e equipamentos militares para Israel? Ou vai fazer de Portugal cúmplice do massacre em curso?”

O cargueiro, defende o partido, está registado no registo Internacional de Navios da Madeira, o que “coloca Portugal na situação de cúmplice das atrocidades e crimes levados a cabo por Israel”, defendendo que o Governo “deve agir imediatamente para que nenhum navio com pavilhão português seja instrumento desse massacre”.

A denúncia do barco com bandeira nacional a transportar munições para Israel chegou do movimento BDS (Boicote, Desinvestimento, Sanções): segundo Maren Mantovani, membro do secretariado internacional do Comité Nacional Palestiniano, a maior coligação da sociedade civil que lidera o movimento, há uma “forte suspeita” até pelo facto de a origem da informação ser a mesma de alertas dos últimos meses sobre outros três navios, parcialmente confirmados.

“Nós não temos como confirmar a carga de um navio, mas os Governos, sim, sabem, e devem uma resposta aos seus cidadãos sobre o que está a acontecer. Especialmente num caso de genocídio, onde o risco de cumplicidade é demasiado grande para arriscar a inação”, afirmou Mantovani, destacando que o “‘Khatrin’ navega com pavilhão português, o que significa literalmente que navega sob a soberania do Estado de Portugal. O Governo deveria pelo menos investigar e retirar a bandeira ao navio se não receber garantias de que mantê-la não inclui envolver-se num genocídio e na violação das leis internacionais”.