“Gostava que se olhasse para as empresas com mais atenção”, afirma Marco Galinha, CEO do grupo Bel

O presidente executivo (CEO) do grupo Bel, Marco Galinha, defende, em entrevista à Lusa, que é preciso olhar “para as empresas com mais atenção” e para os impostos e considera que Portugal é uma “democracia oleada”.

Questionado sobre se há alguma medida na proposta do Orçamento do Estado para 2024 (OE2024) que gostasse que tivesse sido incluída, o empresário e também ‘chairman’ da Global Media Group (GMG) refere que gostaria que “se olhasse para as empresas com mais atenção”.

“Eu não acredito em sociedade, nem num mundo que vive à conta de receber cheques em casa. No nosso grupo [Bel], uma das nossas essências, é também responsabilidade social, fazemos muito mais daquilo que podemos fazer, mas é a minha forma de estar na vida”, salienta o gestor.

“Mas eu gosto que olhassem para as empresas com mais atenção porque o maior motor de um país é a economia”, argumenta Marco Galinha, considerando que durante a pandemia houve medidas “muito importantes” que ajudaram a salvar empresas.

“Não sou político, mas gostava que olhassem para as empresas e, acima de tudo, também para os impostos das pessoas, porque um colaborador quer subir os salários [e] mais de metade são impostos”, sublinha, salientando ainda que, na sua opinião, “é inadmissível” o salário mínimo atual.

Instado a comentar a atual crise política, o empresário considera que Portugal é uma democracia oleada.

“O primeiro sinal, é preciso andar para trás e dizer que havia pessoas impunes em Portugal, que isto era o país da impunidade, isto não é verdade. Nós somos uma democracia oleada, essa maior prova de que somos uma democracia oleada é o que está a acontecer”, salienta.

O gestor escusa-se a falar de casos particulares, salientando que “errar é humano”.

Na sua opinião, o primeiro-ministro “precipitou-se”, mas apesar da crise política isto não afetou “a credibilidade” do país.

“O ‘rating’ veio a melhorar”, destaca, apontando que Portugal “precisa de pessoas que queiram traçar um rumo, queiram executá-lo, com poucas amizades, e que se concentrem nesse projeto”.

Marco Galinha fala ainda do “receio enorme” que existe em Portugal em apoiar os media.

“O que eu sei é que há um receio enorme, e hoje com o pé de fora posso falar mais abertamente sobre isso, em Portugal de apoiar os media, eu não percebo qual é o objetivo, acompanho com curiosidade o que se passa em França, na Bélgica, em muitos sítios, e aí sim está haver medidas importantes para a sobrevivência”, elenca.

Isto “porque eu também não quero viver numa democracia que deixa de ser democracia se não tiver media e jornais robustos, jornalismo de investigação”, alerta.

“Portugal é um enorme exemplo de liberdade social e acho que é um grande exemplo nos media que tem hoje, mas eu sinto que eles estão ameaçados para o futuro porque isto é um negócio a viver numa enorme dificuldade e não vejo ninguém a querer trabalhar nas soluções para resolver este problema”, lamenta o CEO.

Sobre o grupo Bel, adiantou que o resultado antes de impostos, juros, amortizações e depreciações (EBITDA) deverá situar-se este ano entre os 21 e 22 milhões de euros, ou talvez mais, o que depende de alguns projetos que estão a encerrar.

Quanto ao volume de negócios, será à volta de 800 milhões de euros em todas as participadas.

O grupo aguarda ainda a ‘luz verde’ da Autoridade da Concorrência sobre a compra da Vasp.

Atualmente, o grupo Bel está numa fase de se concentrar naquilo que é a sua essência, sendo que a logística é a parte ‘core’ do negócio, sempre apostando na sustentabilidade.

De acordo com empresário, o grupo está a verticalizar várias operações logísticas desde o fabrico à entrega ao consumidor final.

O investimento do grupo este ano foi à volta de 30 a 40 milhões de euros.

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