“Gostaria que Portugal tivesse como desígnio ser contribuinte líquido da Europa”: Presidente da CIP assinala obstáculos no caminho do País à prosperidade

Portugal deveria ter o desígnio de ser “um contribuinte líquido da Europa”, assinalou Armindo Monteiro, presidente da CIP – Confederação Empresarial de Portugal, na sua intervenção na XXV Conferência da Executive Digest, que decorreu esta quarta-feira na Culturgest, em Lisboa.

O representante, sob o mote da apresentação, ‘As encruzilhadas da economia portuguesa”, começou por elogiar o papel da Executive Digest no combate à “falta de literacia económica, financeira e política”, que constitui um problema em Portugal.

“Toda a sociedade que não é esclarecida por filósofos é enganada por charlatães”, referiu Armindo Monteiro na introdução, alertando que os populismos devem ser preocupação. “Não é uma questão de procura de verdades alternativas, são factos!”, sublinhou, assinalando que “um dos maiores preconceitos” que existe no nosso País é o de que “o capital e o lucro sã a origem de todos os males”. “É pernicioso”, considerou, assinalando a necessidade de mudar este paradigma com urgência,

“Onde estamos é mais ou menos consensual, para onde queremos ir já não será”, afirmou, criticando a postura de quem “se deixa levar para a onda vai”. O presidente da CIP assinalou a necessidade de Portugal se tornar “mais exigente, não prostrado” ou “condenado a ser recebedor de subsídios europeus”.

“Enquanto presidente da CIP, gostaria que Portugal tivesse o desígnio de ser contribuinte líquido da Europa”, sustentou, mostrando as projeções do Banco de Portugal, quanto a crescimento da economia e do PIB, “absolutamente anémico”. Quanto às exportações, o representante assinalou o facto de Portugal estar a comparar o seu crescimento ao de países como a Polónia ou a Roménia.

“Estamos a compararmo-nos com países que entraram agora no ‘clube europeu’. Continuamos a divergir em relação à média”, sublinhou.

Assim, indicou Armindo Monteiro, temos agora “a opção de ser um país que oferece oportunidades de vida, ou não, e obriga os mais novos s procurarem lá fora”.

Perante os vários obstáculos e dificuldades, a CIP propôs um Pacto Social, que consiste ” em programar a prosperidade do país a medio prazo”.

“Somos um dos países que vive pior a sua longevidade, tem de ser viver em qualidade, e para isso a taxa de substituição tem de ser melhorada. Há do nosso lado uma confederação preocupada em construir o futuro, baseado em 3 pilares: crescimento económico, de aumento dos rendimentos para as pessoas, e simplificação administrativa do Estado”, apontou o representante da CIP.

Noutro aspeto negativo, Armindo Monteiro considerou que “estamos com carga tributária extremamente elevada”, quer de impostos diretos e indiretos. “Creio que não podemos continuar assim. Algum dia alguém dará conta que já não há água no poço. É preciso que haja criação de riqueza para que haja benesses. A economia não pode ignorar Estado social, mas é preciso que haja enquadramento para investimento”, defendeu.

Referindo ainda o ‘conta-gotas’ do PRR, e considerando que agora está estagnado e paralisado, o responsável da CIP passou para o tema do OE2024, considerando que tem “boa política, no sentido em que equilibra despesas e receitas”, mas que peca por falta de medidas que estimulem a economia e levem os empresários a investir.

“Produtividade é investimento, capacidade de investir para a economia produzir mais, não implica vontade de trabalhar. E o nível de investimento não existe nesse sentido”, assinalou.

Considerando que aumentar a produtividade é essencial, Armindo Monteiro apontou que “não podemos continuar a recorrer a cuidados paliativos para resolver questões que têm solução”

“A solução passa por deixar esta relação doentia de dependência do Estado. O Estado é principal empregador, principal comprador e único legislador. É um país refém de um sistema pouco transparente e permanentemente adiado. Não podemos continuar. Temos revelado profunda falta de ambição na abordagem dos problemas e reginamo-nos. Acredito que é hora de voltarmos aos compromissos, não é fácil, mas é a nossa obrigação”, terminou o presidente da CIP.

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