Gerir bem empresas no contexto atual

Por Pedro Fontes Falcão, co-Diretor do Executive MBA do ISCTE Executive Education

Este ano o PIB deve aumentar cerca de 4%, segundo a generalidade das projeções, após ter caído 7.6% em 2020. A dívida pública bate recordes e a carga fiscal (% do PIB) também, o que limita a capacidade de reação do governo em termos de apoios às empresas, por um lado, do Estado poder aumentar o (bom) investimento, e por outro lado, de reduzir os impostos. No entanto, teremos a “bazuca” e outros apoios europeus que esperemos tenham um efeito fortemente reprodutivo na economia.

Neste contexto, as empresas portuguesas têm de procurar crescer de forma sustentável. Numa perspetiva algo simplificada, as empresas “morrem” por inviabilidade financeira (falta de liquidez), e/ou por inviabilidade económica (o negócio em si não é rentável).

Assim, e olhando para as empresas que estão a atravessar piores momentos (excluindo as empresas que estão muito bem), para a sua viabilidade financeira, têm de estar focadas na parte financeira e de tesouraria, procurando minimizar as suas necessidades de cashflows no curto prazo, pelo que precisam de usar bem conceitos e ferramentas de gestão.

A Gestão e Negociação de Stakeholders é muito relevante, especialmente com os stakeholders de mercado (ou primários) com quem há transações económicas. A boa gestão de prazos de pagamentos e recebimentos, e a gestão da relação com bancos e outros financiadores, que os ajudem a evitar uma asfixia no curto-médio prazo.

A Gestão da Reputação é fulcral, para os maus e bons momentos. Um aspeto chave que tem a ver com a confiança que criaram (ou não) anteriormente com estes stakeholders, para lhes permitir agora “pedir apoio” e que são (ainda mais) decisivas.

Realizar uma boa Business Intelligence permite obter mais e melhores apoios estatais (e outros eventuais), ajudando à viabilidade financeira que estamos a analisar, mas também esta vai contribuir para a viabilidade económica, pois permite conhecer melhor os clientes atuais e potenciais e perceber as tendências de mercado, assim como entender melhor os restantes stakeholders.

A Gestão de Recursos e Competências Únicas que as empresas têm são decisivas, especialmente nesta altura. Em geral, quanto maior a taxa de mudança no ambiente externo de uma empresa, mais provável é que os recursos e competências internos, em vez do foco no mercado externo, forneçam uma base segura para a estratégia de longo prazo.

As Capacidades Dinâmicas (“dynamic capabilities”) são ainda mais relevantes neste contexto, pela necessidade de as empresas conseguirem ir adaptando-se às mudanças no mercado, que está em constante evolução dinâmica. As capacidades de formar alianças, de desenvolver novos produtos, de tomar rapidamente boas decisões estratégicas, são bons exemplos.

A Gestão Ambidestra permite alavancar a capacidade de inovação, por um lado melhorando o que a empresa já tem através de inovação incremental (“exploitation”) e, por outro, com inovação disruptiva (“exploration”).

Obviamente, a gestão de empresas é muito complexa e muito mais poderia ser dito, mas no espaço de um artigo procurei destacar alguns aspetos chave que são úteis na gestão.

 

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