Funcionária de limpeza na Segurança Social era “toupeira” de rede de imigração
Uma funcionária de limpeza do Centro Distrital de Segurança Social de Lisboa levava e recolhia, quase diariamente, processos de imigrantes que pretendiam obter um número da segurança social para obterem visto de residência, revela o “Diário de Notícias” (DN).
De acordo com o “DN”, esta pessoa era a ligação entre a associação criminosa de auxílio à imigração ilegal, esta terça-feira desmantelada pela Unidade Nacional de Contraterrorismo da Polícia Judiciária (PJ) numa investigação titulada pelo Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa, e um funcionário público que recebia e entregava os processos fraudulentos à rede.
«Chamuças» era o nome código que o advogado cabecilha da rede utilizava ao telefone quando queria perguntar se os processos tinham sido despachados. O “DN” escreve ainda que esta rede criava empresas fictícias para fazerem contratos de trabalho, também fictícios, para os imigrantes, e conseguia acelerar os processos nos serviços do Estado em troca de avultadas somas de dinheiro pagas a funcionário. No SEF, tinham também a garantia da celeridade das autorizações de residência.
As autoridades acreditam que o esquema acontecia, pelo menos, desde 2015, ano a partir do qual conseguiram identificar alguns dos milhares de imigrantes que foram legalizados através desta rede no nosso país e no espaço europeu, sobretudo brasileiros, africanos, paquistaneses, indianos, nepaleses e bangladeshianos.
Entre os detidos, com idades entre os 28 e os 64 anos, está uma inspectora do Serviços de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), duas funcionárias das Finanças e o funcionário da Segurança Social. Segundo a PJ, «são suspeitos da prática dos crimes de associação criminosa, auxílio à imigração ilegal, de casamento por conveniência, de falsificação de documentos, de abuso de poder, de corrupção activa e passiva, de branqueamento, de falsidade informática e acesso indevido, actividade criminosa que permitiu obter elevados proventos financeiros».