Frasquilho «muito surpreendido» com acção judicial do Porto para travar injecção de 1,2 mil milhões na TAP

O presidente do conselho de administração da TAP, Miguel Frasquilho, afirmou esta quarta-feira que a definição de rotas é competência da comissão executiva da companhia e manifestou-se surpreendido com a providência cautelar da Associação Comercial do Porto.

Na Comissão de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação, Frasquilho garantiu que a comissão executiva da TAP foi alertada «para a possibilidade de o clamor que se levantou poder ser uma realidade» antes da divulgação, no final de Maio, do plano de retoma de rotas. «Mas sabe-se como é também difícil fazer passar uma percepção ou uma mensagem antes das coisas realmente acontecerem», afirmou.

«O que nos parecia ser adequado [conselho de administração da TAP]  era que, no momento em que a TAP vai precisar do auxílio de todos os portugueses para ultrapassar esta situação e sobreviver (…) parecia-nos evidente que, para além dos critérios económicos, (…) pudesse nesta fase contribuir, à sua escala, para uma recuperação mais harmoniosa e equilibrada», insistiu.

Quanto à providência cautelar da Associação Comercial do Porto para travar injecção de 1,2 mil milhões de euros na companhia aérea de bandeira portuguesa, aceite pelo Supremo Tribunal Administrativo, disse estar «muito surpreendido». «Se houve mensagem passada nas reuniões é que o Conselho de Administração da TAP iria trabalhar e esforçar-se para, numa lógica sustentável e trabalhando em conjunto com o país, aproximar-se para repor os níveis de actividade pré-Covid», declarou, sublinhando que foi até «uma reunião muito produtiva». Entretanto, revelou, «também já decorreu uma reunião com a região do Algarve», à qual se seguem encontros com as regiões autónomas da Madeira (já esta sexta-feira) e Açores.

Até à decisão judicial, recorde-se que o Estado fica inibido de investir na reestruturação da TAP e o Governo é obrigado a entregar toda a documentação da recompra da transportadora em 2016/2017. Segundo um despacho a que o “Expresso” teve acesso, o Executivo terá de juntar ao processo diversos documentos «até agora não públicos», entre os quais o «Acordo de Venda Direta, Acordo de Compromissos Estratégicos e o Acordo Relativo à Estabilidade Económica e Financeira da TAP».

TAP anuncia novas rotas para o Porto

Miguel Frasquilho afirmou também que, à data de hoje, «já há algum resultado de rotas que tenham sido acrescentadas ao plano de retoma para o Porto» e que farão com que em Agosto a proporção de destinos serviços a partir do aeroporto Francisco Sá Carneiro seja «muito semelhante, face a Lisboa, à que tinha antes da crise Covid-19». É o caso do voo para Nova Iorque, antecipado de Agosto para Julho, exemplifica.

Por outro lado, foram acrescentadas rotas em Agosto, como Milão e Zurique, bem como Amesterdão em Setembro.

Actualmente, o Estado detém 50% da TAP, através da Parpública, o consórcio Gateway de Humberto Pedrosa e David Neeleman têm 45% do capital e os restantes 5% da empresa pertencem aos trabalhadores da companhia.

*Notícia actualizada com mais informação às 11:38

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