França nomeia MNE para comissário europeu após desavenças do primeiro indigitado

A França nomeou hoje o ministro demissionário dos Negócios Estrangeiros, Stéphane Séjourné, para comissário europeu, após renúncia do primeiro indigitado, até agora membro do executivo comunitário, que se demitiu do cargo por desavenças com a presidente da instituição.

“O Presidente da República, de acordo com o primeiro-ministro, propôs Stéphane Séjourné, Ministro da Europa e dos Negócios Estrangeiros, como comissário europeu para o próximo mandato”, indicou hoje fonte do Eliseu.

De acordo com a Presidência francesa, o agora nomeado, também ex-presidente do grupo dos Liberais do Parlamento Europeu, “preenche todos os critérios exigidos”, pois “o seu empenho pela Europa irá permitir-lhe apoiar plenamente esta agenda de soberania da União Europeia”.

O anúncio surge poucas horas depois de o comissário europeu do Mercado Interno, Thierry Breton, se ter demitido do cargo, acusando a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, de “liderança questionável” por ter pedido a França que propusesse outro candidato no novo mandato.

Numa missiva hoje enviada a Ursula von der Leyen e divulgada na rede social X (antigo Twitter), Thierry Breton afirma que, apesar de ter voltado a ser a escolha de França para o colégio de comissários no novo mandato do executivo comunitário, “há alguns dias, na reta final das negociações”, a responsável solicitou ao país que “retirasse o [seu] nome”.

De acordo com Breton, Von der Leyen fê-lo “por razões pessoais que em nenhum caso discutiu diretamente” consigo, oferecendo “como contrapartida política uma pasta alegadamente mais influente para a França no futuro colégio”.

Por essa razão, “ser-lhe-á agora proposto um candidato diferente”, diz o responsável à agora ex-‘chefe’, anunciando que, por isso, não pode continuar a exercer as suas funções como comissário europeu do Mercado Interno e apresenta a sua demissão “com efeitos imediatos”.

Esta alteração do candidato francês para o futuro colégio de comissários pode afetar a apresentação da equipa da responsável alemã para um segundo mandato à frente da Comissão Europeia, que estava prevista para terça-feira, já depois de um adiamento de uma semana causado pela mudança, por parte da Eslovénia, de um candidato para uma candidata, pela ambicionada paridade.

Na informação hoje divulgada pelo Eliseu, é recordado que o Presidente francês, Emmanuel Macron, tem vindo a defender que França tenha uma “pasta-chave” no futuro colégio de comissários, “centrada nas questões da soberania industrial e tecnológica e da competitividade europeia”.

“Esta tem sido a tónica de todos os contactos que tem mantido com a presidente da Comissão Europeia desde que esta foi eleita pelo Parlamento Europeu”, em julho passado, é ainda referido na nota, que agradece ainda a Thierry Breton por ter sido um “comissário europeu notável” na área digital e industrial.

Ursula von der Leyen tinha previsto apresentar na semana passada a sua proposta de equipa e de atribuição de pastas no novo mandato (2024-2029), mas a divulgação passou a estar prevista para esta terça-feira, na cidade francesa de Estrasburgo, à margem da sessão plenária do Parlamento Europeu.

Portugal propôs a antiga ministra das Finanças Maria Luís Albuquerque, sendo que, de momento, 11 dos 28 nomes propostos para comissários europeus no próximo ciclo institucional são mulheres (a Bulgária apresentou dois nomes, de um homem e de uma mulher, algo que tinha sido pedido por Von der Leyen).

Questionada hoje sobre a mudança, na conferência de imprensa da Comissão Europeia, em Bruxelas, a porta-voz adjunta da instituição, Arianna Podesta, escusou-se a comentar o processo de composição do novo executivo comunitário até estar finalizado.

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