“Frágil”, “dependente da oposição” e com “estabilidade duvidosa”: Imprensa internacional destaca tomada de posse de novo Governo de Montenegro

A tomada de posse do XXIV Governo Constitucional, liderado por Luís Montenegro, ocorrida esta terça-feira, capturou a atenção da imprensa internacional, que se dividiu entre otimismo e preocupação quanto à estabilidade do novo Executivo. O novo Executivo recebeu, assim, ampla cobertura mediática também fora das fronteiras portuguesas.

O diário espanhol ABC noticiou: “Governo de Montenegro toma posse e abre um novo ciclo na política portuguesa”. O jornal destaca as pressões enfrentadas pelo PSD devido à “curta maioria no Parlamento, a oposição dos socialistas e a chantagem política permanente do Chega”.

O El País, também de Espanha, afirma que “Portugal estreia um Governo de centro-direita que dependerá da oposição”. O jornal relembra que a centro-direita “recupera o poder que perdeu em 2015” e destaca a “fragilidade” do novo governo.

Já o jornal Politico, recorda as promessas de Montenegro na campanha eleitoral e os planos da AD para o nosso País, mas sublinha que “não está claro como a coligação da Aliança Democrática do Montenegro aprovará as leis necessárias para tornar as suas promessas uma realidade”, já que, apesar de ter vencido as eleições, “ficou muito aquém de garantir os 116 assentos necessários para formar uma maioria governamental no parlamento português”, pelo que é destacado o ‘caso Chega’ e o que representa para as contas parlamentares.

A agência britânica Reuters escreve: “Governo minoritário de Portugal empossado, estabilidade duvidosa”. A Reuters destaca que o governo “enfrenta o Parlamento mais fragmentado em 50 anos de democracia” e cita Montenegro, que afirmou estar determinado a governar até ao final do seu mandato, prometendo atuar com “humildade, espírito patriótico e capacidade de diálogo”.

A Associated Press foca-se na “conturbada eleição do presidente da Assembleia da República”, escrevendo que o novo governo “enfrenta armadilhas e oportunidades” após o súbito aumento do apoio a um partido populista de direita radical nas recentes eleições.

Em França, o Le Figaro, em parceria com a AFP, noticia a “fragilidade” do Governo de Montenegro, referindo que a sua “margem de manobra será tão limitada como a sua maioria parlamentar”.

O canal árabe Al Jazeera escreve que o novo Governo “tomou posse num contexto de incerteza sobre a sua viabilidade a longo prazo” e destaca que a AD “precisará do apoio do partido de extrema-direita Chega, que quadruplicou a sua representação parlamentar, ou do PS de centro-esquerda, que garantiu 78 assentos, para aprovar legislação”.

No Brasil, a Folha de S. Paulo destaca o discurso de posse de Montenegro como um possível “aceno a ultradireita”. O jornal sublinha que, apesar de Montenegro ter afirmado que não pretende governar com o apoio do Chega, o conteúdo do discurso foi interpretado por alguns analistas como um aceno à bancada do partido populista.

A cerimónia de posse ocorreu no Palácio Nacional da Ajuda, em Lisboa, 23 dias após as eleições legislativas antecipadas de 10 de março. O XXIV Governo conta com o apoio de 80 deputados – 78 do PSD e 2 do CDS-PP – num Parlamento de 230 lugares, com o PS a deter 78 lugares, o Chega 50, a Iniciativa Liberal 8, o BE 5, PCP 4, Livre também 4 e PAN 1.

Esta diversidade de opiniões reflete as incertezas e desafios que o novo Governo enfrentará, com a estabilidade política e a capacidade de diálogo com a oposição a serem cruciais para o sucesso do Executivo de Montenegro.

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