Fórum de Seguros: Reputação é chave para a sustentabilidade
A sustentabilidade está a entrar no coração das marcas e as do sector dos seguros não são excepção. Para André Santos Ferreira, partner da BearingPoint, este será um eixo determinante para o futuro das empresas seguradoras, que vai moldar a sua percepção e relação com os consumidores. «Temos de ultrapassar a fase do cosmético para uma fase em que, efectivamente, incorporamos dentro das nossas organizações um conjunto de valores do ponto de vista ambiental, social mas também de governance», afirmou esta manhã o responsável, na abertura do Fórum de Seguros da Marketeer/Executive Digest.
No evento, dedicado ao tema “A importância do ecossistema dos Seguros na sociedade portuguesa”, e que decorreu no hotel Dom Pedro Lisboa, André Santos Ferreira traçou a história do sector segurador no mercado português para demonstrar como estas empresas têm sabido «adaptar-se às necessidades da população», o que permite que hoje existam «mais de 2,5 milhões de pessoas com seguros de saúde em Portugal».
Agora, defendeu, é hora de se afirmarem também como agentes de mudança para um mundo melhor. «E isso não será feito com relatórios de sustentabilidade como eram feitos há 10 e 20 anos, mas com medidas objectivas e concretas, monitorizadas de forma detalhada. Vai ser necessário adequar as políticas de investimento. É uma inevitabilidade. A grande questão é saber se devem comprar equity numa fábrica de plásticos ou se vão querer fazer seguros a determinadas actividades ou sectores que são consideradas perigosas ou que hoje estão em zonas de risco», frisou o keynote speaker do Fórum de Seguros. «É necessário assegurar a auto-sustentabilidade do sector e a reputação será um factor-chave para lá chegar», concluiu.
E foi precisamente para falar sobre o estado da “Reputação dos seguros em Portugal” que Bárbara Gomes, directora da Marktest, subiu ao palco. A responsável recorreu ao estudo Marktest Reputation Index para mostrar como a reputação do sector segurador tem melhorado nos últimos anos. Na edição deste ano do estudo, no ranking referente aos sectores de actividade, as seguradoras tradicionais assumem o 14.º lugar, com quase 60 pontos, enquanto as seguradoras directas ocupam a 21.ª posição, com 53 pontos.
De acordo com Bárbara Gomes, as empresas seguradoras devem aproveitar o capital de reputação que têm ganho para dinamizar e difundir as suas marcas. «Quando falamos de produtos indiferenciados, a confiança e reputação das marcas são factores distintivos. Os actuais modelos de negócio não podem assentar exclusivamente em premissas económico-financeiras», frisou.
José Galamba de Oliveira, presidente da Associação Portuguesa de Seguradores (APS), fechou o primeiro Fórum de Seguros da Marketeer/Executive Digest com uma intervenção onde detalhou alguns dos principais desafios e oportunidades que o sector enfrenta. Desde logo, o ambiente de baixas taxas de juro a que assistimos não é convidativo à poupança dos portugueses. Nesse contexto, sublinhou, e enquanto o seguro automóvel continua a representar mais de um terço da carteira não-vida das seguradoras – mas este cenário pode alterar-se drasticamente na próxima década -, cabe às seguradoras reforçarem os seus portefólios com novos produtos que respondam a necessidades específicas, tendências ou nichos de mercado. Tais como, exemplificou, produtos para a protecção de riscos catastróficos, como sismos – e Lisboa é a segunda cidade europeia mais propícia à ocorrência de sismos, notou.
O presidente da APS sublinhou ainda a necessidade de adequação dos seguros de vida risco em função das novas tábuas de mortalidade e defendeu a criação de seguros mistos (vida e saúde) para responder ao envelhecimento da população portuguesa, colocando o ênfase no “long term care”. Além disso, sinalizou novas oportunidades como a segurança cibernéticos ou a mobilidade.
«Há que aproveitar as novas tecnologias para estreitar a relação com os clientes, melhorando a assistência (com recurso a Inteligência Artificial) e aumentando a celeridade dos processos», referiu José Galamba de Oliveira. «Somos um sector estruturante da economia, para as empresas e famílias. Vamos continuar a desenvolver os melhores produtos, com recurso a tecnologia, para que tenhamos um futuro melhor para todos nós», rematou.
O Fórum de Seguros da Marketeer/Executive Digest contou ainda com uma mesa-redonda onde se debateu o estado actual e o futuro do sector.
Texto de Daniel Almeida