Forças Especiais de Israel já estão no Líbano. Invasão terrestre pode acontecer esta semana, avançam fontes militares

Comandos israelitas têm realizado operações especiais no Líbano contra alvos do Hezbollah, numa tentativa de enfraquecer a infraestrutura do grupo militante antes de uma possível invasão terrestre, que pode ocorrer já esta semana. Um oficial israelita, que falou ao jornal britânico The Daily Telegraph, afirmou que as tropas de elite estão a concentrar-se em infraestruturas do Hezbollah, incluindo locais de armamento e centros de comando e controlo. “Estão a visar locais estratégicos que foram construídos ao longo da zona fronteiriça”, disse o oficial.

Segundo relatórios do jornal israelita Haaretz e do portal Sinar Daily, o Irão confirmou que não enviará forças para o Líbano ou Gaza para enfrentar Israel, numa conferência de imprensa acompanhada por repórteres da AFP. “Não há necessidade de enviar forças adicionais ou voluntárias da República Islâmica do Irão,” afirmou Nasser Kanani, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano.

O primeiro-ministro interino do Líbano, Najib Mikati, afirmou esta segunda-feira que o seu país está preparado para implementar plenamente uma resolução das Nações Unidas que visa pôr fim à presença armada do Hezbollah a sul do rio Litani. A medida faz parte de um acordo para cessar as hostilidades com Israel, de acordo com a Reuters.

A resolução em questão é a 1701 do Conselho de Segurança da ONU, que exige o destacamento do exército libanês na área a sul do rio Litani, uma região que tem sido um bastião do Hezbollah. Este rio situa-se a cerca de 20 milhas da fronteira sul do Líbano com Israel.

Ataque aéreo em Beirute e escalada de tensões
Também esta segunda-feira, um ataque aéreo atingiu um edifício residencial no centro de Beirute, destruindo um apartamento, danificando outros e resultando na morte de três militantes palestinianos. Esta ação foi vista como um claro sinal de Israel de que nenhuma parte do Líbano está fora de alcance para as suas operações.

Este ataque ocorreu dias após a morte de Hassan Nasrallah, líder de longa data do Hezbollah, num ataque aéreo israelita em Beirute na passada sexta-feira. Em resposta, Naim Kassem, vice-chefe do Hezbollah, prestou homenagem aos combatentes que morreram ao lado de Nasrallah e prometeu que o Hezbollah emergiria vitorioso no seu confronto com Israel. “Estamos prontos para enfrentar qualquer possibilidade e estamos preparados caso os israelitas decidam entrar por terra. As forças de resistência estão prontas para um envolvimento terrestre,” declarou Kassem, num discurso transmitido a partir de um local não revelado.

Kassem também assegurou que o Hezbollah escolherá um novo líder em breve e que o processo será tranquilo, enfatizando que “as escolhas serão fáceis porque são claras e estamos unidos.” Revelou ainda que a organização está a proceder à nomeação de substitutos para outros líderes militares que foram mortos em semanas recentes devido aos combates em curso.

Operações em túneis do Hezbollah e possível invasão terrestre
Segundo o Wall Street Journal, as forças especiais israelitas já estão a conduzir operações dentro da rede de túneis do Hezbollah, estruturas que têm sido um elemento crucial da estratégia de defesa do grupo militante. Estas instalações subterrâneas permitem aos combatentes movimentarem-se e lançarem ataques de forma encoberta. O mesmo jornal relata que uma invasão terrestre em larga escala no Líbano é cada vez mais provável.

Um oficial de inteligência israelita, em declarações ao The Daily Telegraph, expressou receios sobre a potencial intervenção dos Estados Unidos no conflito, afirmando: “A questão agora é o que os EUA farão, e espero que os EUA não se envolvam e nos retirem daqui.” Embora os EUA tenham manifestado publicamente o seu apoio à defesa de Israel, a extensão do seu envolvimento num possível conflito mais amplo no Líbano permanece incerta.

Esta estratégia segue uma abordagem semelhante à adotada por Israel na Faixa de Gaza no início de 2023. Nas semanas que antecederam a invasão de Gaza em grande escala, no final de outubro, as forças israelitas realizaram incursões direcionadas contra posições do Hamas para enfraquecer as suas defesas, preparando assim o terreno para a operação militar mais abrangente que se seguiu.

Recorde-se que a frente norte de Israel com o Hezbollah tem sido relativamente tranquila em comparação com os frequentes confrontos com o Hamas em Gaza. No entanto, o assassinato de Nasrallah pode alterar significativamente esta dinâmica, levando o Hezbollah a envolver-se de forma mais direta. Qualquer invasão terrestre israelita no Líbano corre o risco de provocar uma escalada das tensões em toda a região, especialmente com o Irão, principal apoiador do Hezbollah.

À medida que as tensões aumentam, as forças israelitas têm vindo a reforçar a sua presença ao longo da fronteira norte, e ambos os lados preparam-se para um possível conflito mais abrangente. Ao mesmo tempo, esforços diplomáticos estão em curso para evitar uma guerra de larga escala, mas o futuro permanece incerto à medida que a situação evolui.

Ler Mais





Comentários
Loading...