Folha Trimestral de Conjuntura – Católica

imgp1614No 4º trimestre de 2009, a economia portuguesa deverá ter contraído 0,1% face ao trimestre anterior, interrompendo a trajectória de crescimento verificada no 2º e 3º trimestres do ano. A taxa de variação homóloga do PIB deve ter sido de -0,9% (-2,5% no 3º trimestre). A estimativa central do NECEP para a taxa de desemprego no 4º trimestre de 2009 aponta para um valor de 10,1%, mais 0,3 pontos percentuais do que no 3º trimestre. Depois de corrigido de sazonalidade, este valor traduz um novo agravamento do desemprego, mas a um ritmo menor do que o registado nos trimestres anteriores.

Na opinião do NECEP, a eventual quebra do PIB no final de 2009 não é suficiente para pôr em causa a trajectória de recuperação económica iniciada em meados do último ano. Estas flutuações no crescimento são habituais em períodos de crise e de incerteza sobre a qualidade da retoma, reflectindo por exemplo alterações no sentimento dominante. Ou seja, este é um resultado que evidencia as fragilidades da actual recuperação, mas que permite ainda afirmar que a situação económica é hoje muito melhor do que se previa há um ano.

Em 2009, a taxa média de variação do PIB terá sido de -2,8% (0,0% em 2008). Nos próximos trimestres, a trajectória do PIB dependerá largamente da evolução da conjuntura externa. Contudo, as projecções de crescimento para 2010 e 2011 continuam marcadas por uma incerteza excepcional, que decorre de vários factores: a natureza precária da recuperação da economia mundial, muito dependente dos estímulos monetários e orçamentais; os níveis mínimos de utilização da capacidade produtiva, susceptíveis de gerar mais desemprego; e o reduzido significado dos tradicionais indicadores avançados da actividade económica, como os índices de confiança e o mercado de capitais.

Neste contexto, o cenário central das previsões do NECEP aponta para um crescimento do PIB de 1,0% em 2010 e de 1,0% em 2011. A projecção para 2010 beneficia de um efeito base favorável e representa uma revisão em alta face à previsão de Outubro (0,6%). A projecção para 2011 traduz a convicção do NECEP de que a retoma será lenta, mas também de que existem condições para que a economia global mantenha a trajectória de progressiva “normalização”, iniciada em meados de 2009.

Para além da possível deterioração da conjuntura externa, os maiores riscos imediatos para o crescimento em Portugal deverão ser a diminuição real do rendimento disponível das famílias (via aumento do desemprego, subida dos preços e das taxas de juro, e maiores restrições orçamentais) e o eventual agravamento dos custos de financiamento da dívida pública e, por consequência, da actividade económica nacional. Neste sentido, uma estratégia orçamental de médio prazo, rigorosa e credível, de redução do défice e da dívida pode desempenhar um papel importante na retoma económica. A diminuição do défice prevista no OE2010 é positiva, mas mantêm-se dúvidas sobre a razoabilidade da estratégia de médio prazo. O Programa de Estabilidade e Crescimento poderá ser mais elucidativo a este respeito.






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