Fitch revê em baixa avaliação de 86% dos bancos da Europa, Médio Oriente e África

A agência de notação financeira Fitch Ratings reviu em baixa a avaliação da qualidade do crédito de 86 das 100 entidades financeiras na Europa, Médio Oriente e África que avaliam, devido à pandemia da covid-19.

“As ações de ‘rating’ entre 12 março e 30 de abril refletem o impacto do novo coronavírus e foram desencadeadas pela forte deterioração das perspetivas económicas, ações negativas nos ratings soberanos e ações negativas relativas aos acionistas dos bancos”, lê-se numa nota sobre os impactos da pandemia no setor bancário desta região denominada EMEA, agregando a Europa, o Médio Oriente e o continente africano.

No documento, os analistas da Fitch Ratings escrevem que “dos 100 bancos revistos, 86 foram sujeitos a ações negativas de rating, que incluem 16 descidas de nível de rating, das quais 15 foram registadas no Médio Oriente e África”.

Das 86 ações registadas, 68 foram motivadas pela revisão da análise aos perfis de crédito, que foram motivadas “pelas fortes revisões em baixa em toda a região, onde o impacto das medidas de isolamento foi, nalguns casos, enquadrado pela queda no preço do petróleo”.

A degradação da atividade económica vai “afetar a qualidade dos ativos e os lucros e, nalguns casos, o capital, apesar de o financiamento e a liquidez dever ficar estável na maioria dos bancos”, já que a Fitch Ratings espera uma recuperação económica no terceiro trimestre deste ano, o que explica que muitas instituições financeiras tenham sido colocadas em Perspetiva de Evolução Negativa sem terem sofrido uma degradação do ‘rating’.

Em Angola, lembra a Fitch, houve uma redução na opinião sobre a qualidade do crédito do “único banco analisado para B-, com Perspetiva de Evolução Negativa em 12 de março, no seguimento de uma ação semelhante para o emissor soberano, em 6 de março”.

A degradação da opinião sobre a qualidade do crédito do Banco Angolano de Investimentos, lembram os analistas, “refletiu a redução da capacidade do soberano de fornecer apoio, em particular na moeda estrangeira, e a expetativa é que num cenário de stress o Governo pode dar prioridade ao serviço da dívida ou a outros objetivos políticos em vez de apoiar o banco”.

Na nota hoje divulgada, a Fitch escreve ainda que “a flexibilidade financeira do soberano enfraqueceu recentemente devido à forte depreciação do kwanza face ao dólar, o que levou a uma subida da dívida pública para mais de 100% no final do ano passado e o custo de servir a dívida é pronunciado, representando 37% das receitas externas do país”.

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