Fim da emergência global da Covid-19: Pizarro fala em “vitória”, agradece aos profissionais de saúde e pede que não se esqueçam “lições aprendidas”

Manuel Pizarro, ministro da Saúde, comentou esta sexta-feira o anúncio, feito ela Organização Mundial de Saúde, de levantamento da emergência de saúde global da Covid-19, que indicia o “fim da pandemia”, destacando que é um “dia de elevado simbolismo”.

Segundo o governante, a decisão da OMS, tomada após recomendação do Comité de Emergência e mediante uma cuidadosa análise de todos os dados disponíveis sobre a evolução da pandemia em todo o Mundo, “representa uma vitória da perseverança sobre a hesitação, da ciência sobre o desconhecido, da solidariedade sobre o egoísmo, da comunidade sobre o individualismo”.

O titular da pasta da Saúde em Portugal recorda que os “portugueses demonstraram uma enorme capacidade de adaptação, acolheram as orientações sanitárias e aderiram fortemente à vacinação”, que os trabalhadores dos setores essenciais mantiveram-se ao serviço, as autarquias e as instituições sociais disseram “presente”, e que o Governo “agiu para proteger as pessoas e a economia”.

“Ao longo de três anos, a sociedade portuguesa esteve unida em torno de um grande desafio: conciliar a luta contra a pandemia de COVID-19 com a preservação do nosso quotidiano”, escreve Pizarro em comunicado.

O ministro da Saúde deixa um agradecimento aos milhares de profissionais do setor “que, num período tão exigente, assumiram um compromisso com a saúde dos portugueses”, realçando o seu serviço público “irrepreensível, com sacrifício pessoal”.

Da mesma forma, Manuel Pizarro deixa uma palavra de apoio “sentida aos que perderam entes queridos em tempos de COVID-19”.

A terminar, o governante diz que é importante não esquecer as “lições aprendidas” na pandemia da Covid-19, bem como o “conhecimento e o espírito de colaboração” que originaram do desafio de combate à doença.

“Estes ensinamentos são essenciais para continuar o trabalho de fortalecimento do Serviço Nacional de Saúde e da Saúde Pública, cumprindo a missão de proteger e promover a Saúde das pessoas”, conclui Manuel Pizarro.

O anúncio do fim da emergência de saúde global da Covid-19 foi feito pelo diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. “Ontem, o Comité de Emergência reuniu-se pela 15.ª vez e recomendou-me que declarasse o fim da emergência de saúde pública internacional. Eu aceitei esse conselho”, declarou em conferência de imprensa.

O responsável assinalou que há mais de um ano que “a pandemia está numa tendência de descida, com a imunidade populacional a aumentar devido à vacinação e à infeção”, destacando a redução da mortalidade e a diminuição das pressões sobre os sistemas de saúde, que permitiram “à maioria dos países voltar à vida que conhecíamos antes da Covid-19”.

“A Covid-19 expôs e exacerbou as linhas de divisão, dentro e entre nações. Erodiu a confiança entre as pessoas, governos e instituições, alimentadas por uma torrente de desinformação. E expôs a nu as inequalidades gritantes no nosso mundo, com as comunidades mais pobres e vulneráveis a sofrerem o maior impacto, e as últimas a receberem acesso a vacinas e outras ferramentas”, recordou Tedros Adhanom Ghebreyesus, considerando que a pandemia “foi mais do que uma crise de saúde”, e enumerando os efeitos políticos, económicos e sociais associados.

“Há 1221 dias, a OMS foi informada de um conjunto de casos de pneumonia de origem desconhecida em Wuhan, na China. A 30 de janeiro de 2020, e a conselho do Comité de Emergência reunido sob as regulações internacionais de saúde, eu declarei a emergência de saúde global devido ao surto de Covid-19, o mais alto nível de alarme à luz da lei internacional”, lembrou o diretor-geral da OMS, sobre o início da pandemia.

Segundo afirmou Tedros Adhanom Ghebreyesus, “na altura, fora da China havia menos de 100 casos reportados e nenhuma morte”.

Mas, três anos depois “a Covid-19 virou o mundo ao contrário”.

De acordo com os dados da OMS, foram reportadas quase sete milhões de mortes devido à Covid-19, mas o organismo destaca “que a mortalidade real é várias vezes superior, sendo de pelo menos 20 milhões [de óbitos]”.

Tedros Adhanom assinalou, no entanto, que a perda do estatuto de emergência de saúde global da Covid-19 não significa que a doença deixe de ser uma ameaça.

“É, com grande esperança, que declaro o fim da covid-19 como uma emergência de saúde global. No entanto, isto não significa que a covid-19 tenha deixado de ser uma ameaça para a saúde a nível global. Na semana passada, a covid-19 tirou uma vida a cada três minutos e estas são apenas as mortes de que temos conhecimento”, afirmou.

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