“Fenómeno de inflação beneficia as contas públicas no curto prazo”: Economia portuguesa cresce 6,7% este ano, revela CFP

O Conselho das Finanças Públicas divulgou esta quinta-feira a atualização das Perspetivas Económicas e Orçamentais para o horizonte de 2022-2026, revelando que vou “realizada numa conjuntura de elevada incerteza devido à deterioração dramática nos custos da energia na Europa, que se tem vindo a intensificar com os sucessivos cortes de abastecimento de gás via Nord Stream 1”.

“A economia portuguesa, não obstante a superação das perspetivas de crescimento da atividade económica no 1.º semestre de 2022, é impactada não apenas diretamente através do preço dos bens alimentares, energéticos e de outras matérias-primas, como indiretamente pelo choque adverso na inflação, na produção e na atividade económica dos seus principais parceiros comerciais”, começa por explicar o CFP em comunicado.

No que toca ao Produto Interno Bruto (PIB), o CFP prevê que este acelere para 6,7% em 2022, face a 4,9% em 2021, principalmente devido ao “forte desempenho, no 1.º semestre, das exportações de serviços e do consumo privado, beneficiando de um quadro de poupança ainda acima da média histórica”. Já para 2023, a previsão é de um abrandamento do crescimento do PIB para 1,2%, “fruto da persistência das pressões inflacionistas, com consequências negativas para o consumo privado, e do abrandamento da atividade económica externa”.

Sobre o mercado de trabalho, a previsão é para uma desaceleração do aumento do emprego de 1,9% em 2022 para 0,2% em 2023, e a taxa de desemprego deve recuar para 5,6% em 2022 e para 5,3% no ano seguinte.

Para o CFP, as pressões inflacionistas vão continuar a intensificar-se e o IHPC vai subir para 7,7%. “A inflação em 2022 deverá refletir sobretudo as dinâmicas esperadas para o preço dos bens alimentares e energéticos nos mercados internacionais, a depreciação do euro e a manutenção de restrições do lado da oferta.” No entanto, não deixa de prever um abrandamento para os anos seguintes, prevendo que alcance os 5,1% em 2023 e até 1,9% no médio prazo, à medida que as pressões inflacionistas vão recuando e a oferta normaliza.

No entanto, “este fenómeno de inflação, não totalmente antecipado no primeiro trimestre do ano, beneficia as contas públicas no curto prazo”, o que levou a uma atualização da estimativa de défice para 2022 de 1,6% do PIB para 1,3% “refletindo, não apenas a revisão em alta da receita, influenciada sobretudo pelo efeito da inflação no crescimento da receita fiscal, mas também, entre outras, a incorporação de um impacto de medidas de natureza pontual e de emergência superior em cerca de 2 p.p. do PIB ao que era conhecido em março”.

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