Fed sugere cautela aos investidores: “Um cenário é parar de subir, outro muito diferente é começar a reduzir”

Após o otimismo gerado pelas palavras de Mary Daly, Presidente do Federal Reserve Bank of San Francisco, sobre a possibilidade de, em breve, haver um arrefecimento do ímpeto da subida dos juros por parte do banco central norte-americano, os investidores estão hoje bastante mais cautelosos. Não apenas porque segunda e terça-feira saíram dados que revelam uma economia onde a inflação não dá sinais de cair acentuadamente, desde logo porque o mercado de trabalho se mantém robusto. Também porque desde os mínimos de outubro, a recuperação dos índices colocou o nível de risco num patamar menos apetecível.

Ou seja, não obstante, poder existir efetivamente uma intenção dos membros da Fed em indicar ao mercado que os juros estarão, após a reunião que termina hoje, num patamar próximo do nível em que o choque monetário pretendido terá o seu impacto mais benigno. No entanto isso é lógico, uma vez que com a provável subida de 0.75% nesta quarta-feira os juros sobem para os 3.75% a 4%. Portanto bem dentro de um cenário já vincadamente restritivo, deixando já menos espaço para novos aumentos agressivos, que, no entanto, podem atingir os 5% até à primavera de 2023.

Acresce que um cenário é parar de subir, outro muito diferente é começar a reduzir, como há umas semanas ainda se colocava como possível para o final de 2023. Para isso ocorrer a inflação terá de dar um valente trambolhão, a menos que a economia se antecipe e tropece acentuadamente, o que pode ser o pior dos cenários para o mercado, forçando o FED a ponderar reduzir os juros mesmo com a inflação elevada. Seja qual for o rumo da inflação, a volatilidade na política monetária aumenta significativamente após a decisão de hoje, tornando-se mais incerta e muito dependente de dados económicos, que são para já uma incógnita, como os non-farm payrolls de sexta-feira e os números da inflação que vão sair durante o mês de novembro.

Isto significa que a volatilidade no mercado deverá manter-se elevada em novembro, o que sugere cautela com a alavancagem.

 

Marco Silva
Consultor da ActivTrades

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