Faz hoje 3 anos que foi dada a primeira vacina Covid-19 em Portugal. Especialistas defendem que reforços deviam abranger mais grupos, incluindo professores
Foi precisamente há três anos, a 27 de dezembro de 2020, que foi dada a primeira vacina contra a Covid-19 em Portugal, marcando o arranque do processo de vacinação. Depois de um primeiro ano de pandemia marcado pelo confinamento, a inoculação veio dar esperança de um possível fim da pandemia que, este ano, em maio, viu o seu fim enquanto emergência de saúde global decretado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Portugal destacou-se a nível internacional por ter atingido uma percentagem de mais de 90% da população com a vacinação primária contra o SARS CoV-2.
A vacinação em Portugal iniciou-se mais de nove meses depois do primeiro caso registado no nosso País, e o primeiro lote de 9.750 doses da vacina desenvolvida pela Pfizer-BioNTech — a primeira a ser lançada no mercado, depois de ser autorizada pela Agência Europeia do Medicamento (EMA) – chegou no sábado anterior ao arranque da vacinação, que aconteceu a um domingo.
António Sarmento, diretor do serviço de Infeciologia do Centro Hospitalar de S. João, 65 anos, foi a primeira pessoa a receber a vacina contra a covid-19.
Os profissionais dos centros hospitalares universitários do Porto, Coimbra, Lisboa Norte e Lisboa Central foram depois vacinados. Todo o processo foi acompanhado pela então ministra da Saúde, Marta Temido.
Decorreu depois a vacinação da população, coordenada pela ‘task force’, cuja liderança de Gouveia e Melo foi o destaque, começando pelos grupos prioritários e pelos mais velhos e, de forma estruturada, foram-se baixando as idades das pessoas a serem vacinadas até às crianças.
Progressivamente, foram também aplicadas as doses de reforço da vacinação, particularmente em grupos populacionais mais vulneráveis.
Segundo o mais recente relatório da DGS sobre a campanha de vacinação de reforço contra a Covid-19 deste outono-inverno, contava-se na segunda semana de dezembro 61% da população com 80 ou mais anos a aderir e 57% das pessoas com entre 70 e 79 anos já com o reforço.
No total de pessoas com 60 ou mais anos, apenas 50% dos elegíveis para receberem o reforço da vacina contra a Covid-19 deste outono/inverno já o fizeram. Ou seja, pouco mais de 1,5 milhões de portugueses.
Olhando apenas à faixa etária mais baixa, entre os 60 e 69 anos, são 39% os que já receberam nova dose de reforço.
Especialistas defendem vacinação mais abrangente
Filipe Froes, pneumologista, defende ainda a necessidade de medidas estruturais para combate à Covid-19, relacionadas com a vacinação. “Era importante haver reforço nas campanhas de apelo à vacinação da população, também baixaria o limite de administração da vacina de 60 para 50 anos, daria possibilidade de estas vacinas poderem ser prescritas pelos médicos para todas as pessoas que quisessem ser vacinadas, e alargava a vacinação a dois grupos essenciais e com impacto na circulação do vírus: todas as pessoas com risco acrescido de contacto e transmissão, nomeadamente, empregados de comércio e professores, deviam estar nos grupos prioritários”, indica à Executive Digest.
Este especialista, tal como Manuel Carmo Gomes, professor de Epidemiologia da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, apontam que a percentagem da população que atualmente recebeu os reforços de outono “é baixa”, e por isso apela que todos os que possam se vacinem.
A vacinação é, para Carmo Gomes e Filipe Froes, a primeira recomendação a ser dada. “Temos na população com mais de 80 anos 60% de cobertura e taxa vacinal, na população com mais de 60 anos cai para 50%. É baixo e temos mesmo de aumentar”, sustentam.
*Com Lusa