Fatores genéticos, culturais ou alimentação? Esta é a cidade com a maior taxa de gémeos do mundo

Cada vez mais gémeos nascem em todo o mundo, mas a pequena cidade nigeriana de Igbo-Ora destacou-se por atingir um recorde global surpreendente: uma média de 50 gémeos por cada 1.000 nascimentos, muito acima da média mundial de 12 por 1.000. O que torna esta cidade tão especial e como se explica este fenómeno? Para os habitantes locais, a resposta pode estar na alimentação tradicional, enquanto a ciência ainda procura uma explicação definitiva.

O aumento no número de gémeos a nível global está associado a vários fatores. Especialistas acreditam que a maternidade tardia, juntamente com os avanços nas técnicas de fertilização assistida, como a fecundação in vitro, têm contribuído significativamente para esta tendência. Atualmente, estima-se que cerca de 1,6 milhões de gémeos nascem todos os anos, o que corresponde a um em cada 42 nascimentos. Desde a década de 1980, a taxa de nascimentos de gémeos aumentou cerca de um terço, especialmente nos países mais desenvolvidos. No entanto, Igbo-Ora destaca-se ainda mais neste panorama global.

O segredo na alimentação?

Apesar de não haver um estudo científico definitivo que justifique a elevada taxa de gémeos em Igbo-Ora, os habitantes locais acreditam firmemente que o segredo está na sua dieta. Especificamente, atribuem este fenómeno ao consumo regular de pratos tradicionais como a sopa de folhas de okra e o “ilasa”, um prato feito à base de inhame e farinha de mandioca.

Embora os especialistas em fertilidade se mostrem cépticos em relação a esta explicação, uma vez que não há evidências científicas claras que liguem estes alimentos a uma maior probabilidade de nascimentos múltiplos, os habitantes de Igbo-Ora permanecem convencidos de que a sua dieta tem um papel importante. “Não é apenas a genética, é o que comemos todos os dias”, afirma um residente local.

A ciência e a genética

Por outro lado, a ciência tem considerado a possibilidade de fatores genéticos influenciaram a elevada taxa de gémeos em Igbo-Ora. Estudos sugerem que casamentos entre pessoas de famílias com histórico de nascimentos múltiplos podem aumentar a probabilidade de ter gémeos. Além disso, a cultura Yoruba, dominante na região, parece também desempenhar um papel significativo. Esta cultura venera os gémeos, considerando-os seres especiais e portadores de boa sorte. Não é raro que as famílias vejam os gémeos como uma bênção divina, e essa reverência cultural pode estar ligada a fatores genéticos ainda não totalmente compreendidos.

Na tradição Yoruba, os gémeos recebem nomes específicos de acordo com a ordem de nascimento. O primeiro a nascer é chamado Taiwo, que significa “aquele que experimenta o mundo”, enquanto o segundo recebe o nome de Kehinde, “aquele que vem depois”. Esta prática cultural enraizada reflete a importância simbólica e espiritual dos gémeos na sociedade local.

Além de ser conhecida como a cidade com mais gémeos no mundo, Igbo-Ora celebra anualmente um festival em homenagem aos nascimentos múltiplos. Este evento único atrai centenas de visitantes locais e internacionais, todos curiosos para testemunhar a celebração da dualidade. Durante o festival, a cidade transforma-se num palco vibrante de cor, música e alegria, com desfiles, espetáculos musicais e competições que têm como protagonistas os gémeos.

O rei Yoruba, Oba Kehinde Gbadewole Olugbenle, que também é gémeo, participou na edição deste ano, o que reforçou ainda mais a ligação cultural e espiritual dos gémeos à comunidade. As festividades incluem atividades onde os gémeos se vestem de forma idêntica, dançam em sincronia e partilham histórias sobre as suas vidas como irmãos gémeos. “É uma celebração da nossa identidade”, diz um dos participantes.

Apesar do folclore e das celebrações em torno dos gémeos, o enigma que envolve Igbo-Ora ainda está longe de ser desvendado. A ciência continua a explorar possíveis causas genéticas e ambientais, mas, até agora, não há uma resposta clara sobre por que razão esta pequena cidade nigeriana detém o recorde mundial de nascimentos múltiplos.

Os investigadores médicos não descartam completamente a possibilidade de que a alimentação possa desempenhar um papel, embora os dados disponíveis não ofereçam suporte suficiente a essa teoria. “Precisamos de mais estudos para compreender as causas reais deste fenómeno”, afirmam os especialistas.

Enquanto a ciência procura respostas, Igbo-Ora continua a ser um destino de grande fascínio, especialmente para aqueles interessados em gémeos e nas suas histórias únicas. A quantidade de gémeos que se pode ver a caminhar pelas ruas da cidade é um espetáculo à parte, e muitos visitantes sentem-se atraídos pela oportunidade de vivenciar esta singularidade cultural.

Para os habitantes de Igbo-Ora, o elevado número de gémeos não é apenas uma curiosidade, mas um verdadeiro símbolo de abundância e sorte. Ano após ano, a cidade celebra este fenómeno com orgulho e alegria, tornando-se um exemplo único no mundo, tanto pela sua tradição como pela sua ciência ainda por descobrir.

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