Farol está à procura de 15 startups tecnológicas para combater a escravatura moderna

A Farol, a primeira aceleradora concebida para identificar e acelerar soluções tecnológicas que contribuam para mitigar e reduzir a escravatura e o trabalho forçado dentro das cadeias de produção, é lançada hoje e já está à procura de 15 startups tecnológicas para integrá-las num programa de aceleração de seis meses.

O projeto, impulsionado por uma colaboração entre organizações portuguesas e espanholas que trabalham para a inovação como resposta a questões de Direitos Humanos, está à procura de startups e ideias que apresentem e desenvolvam soluções tecnológicas para responder às crises atuais. A ideia é que cinco das startups sejam provenientes de países em desenvolvimento.

O programa está aberto tanto a empresas em fase de pré-lançamento, como em fase inicial, mas também a projetos de ONG e organizações que trabalham em blockchain, inteligência artificial, machine learning, processamento de linguagem natural, reconhecimento de imagem, big data, geolocalização e tecnologias de big data.

Entre os colaboradores deste programa, que integra o Pacto Global da ONU, e que é lançado com o apoio da TrustLaw e da Parley For The Oceans, constam a organização de direitos humanos Walk Free, The Fair Cobalt Alliance, e Nareen Sheikh, sobrevivente de escravatura moderna e orador nas conferências TED.

“Aumentar a transparência nas cadeias de produção é a peça chave para acabar com o abuso laboral e, nesse sentido, retirar as pessoas da armadilha da pobreza”, afirma Daniela Coutinho, cofundadora da Farol.

“A tecnologia está numa posição única no caminho a fazer em prol dos Direitos Humanos e na concretização de mudanças sociais. A Farol pretende identificar e apoiar projetos que terão um impacto genuíno na luta contra a escravatura moderna”, afirma Raúl Celda, cofundador da Farol.

Candidaturas podem ser feitas até 31 de agosto

O programa será dividido em duas vertentes: a primeira será para apoiar startups tecnológicas motivadas pela concretização de um propósito e projetos de ONG especializadas em tecnologia que estejam em fase inicial de desenvolvimento de produto; e a segunda vertente apoiará startups já com um produto final e com clientes que pretendam acrescentar a redução da escravatura moderna aos seus objetivos.

Através do programa de aceleração, as startups serão apoiadas através de sessões de mentoria e de um extenso programa de conferências, do qual farão parte diversos especialistas e representantes de organizações e marcas.

As candidaturas podem ser feitas através do website da Farol até 31 de agosto.

“Há mais pessoas escravizadas hoje do que em qualquer outro momento da história”

A Organização Internacional do Trabalho estima que existem, atualmente, mais de 40 milhões de pessoas a viver sob alguma forma de escravatura.

“A nível global, mais de metade encontra-se em trabalho forçado, o que significa trabalhar contra a sua vontade e sob intimidação ou coerção. Devido à sua ilegalidade universal, é maioritariamente uma prática escondida, no entanto há mais pessoas escravizadas hoje do que em qualquer outro momento da história, seja a trabalhar nas cadeias de produção e fornecimento global nos setores da agricultura, mineração, pesca, linhas de montagem, construção, processamento de alimentos, manufatura e serviços domésticos”, alerta a Farol em comunicado.

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