Farmacêuticas dizem que estão ‘prontas’ para a pandemia de gripe aviária: Moderna, GSK e Sanofi preparam-se para lançar vacinas contra o H5N1
As principais empresas que fabricam vacinas estão se a preparar contra a gripe das aves caso o vírus H5N1, que já matou milhões de animais, sofra uma mutação que o permita infetar os seres humanos e propagar-se sem precedentes tal como aconteceu com o coronavírus.
A farmacêutica multinacional GSK, a Moderna, e a CSL Seqirus anunciaram já ter começado a desenvolver novas vacinas para humanos de forma a combater o vírus de rápida propagação, outras como a Sanofi têm já doses imunizadoras do H5N1 em stock que podem servir como base para produzir outras igualmente adaptadas à estirpe em circulação, segundo a Reuters.
Ainda que os epidemiologistas sustentem que o risco para os humanos é baixo, a experiência da pandemia de Covid-19, que resultou na morte de centenas de milhões de pessoas em todo o mundo, levou a que a investigação científica para este vírus esteja a decorrer a alta velocidade.
Embora a estirpe que atualmente se está a propagar nas aves – H5N1 clade 2.3.4.4b – não tenha evoluído e desenvolvido caraterísticas que permitam infetar os humanos, começou a espalhar-se a um ritmo sem precedentes nos mamíferos depois de ter causado um recorde de mortes nas aves, elevando assim a possibilidade de adquirir mutações perigosas.
Este ano foi registada a primeira morte humana por gripe das aves numa menina de 11 anos, natural do Camboja, que ficou infetada com a mutação – 2.3.2.1c – do vírus e teve sintomas como febre de 39ºC, tosse e dores de garganta. A estirpe que infetou a criança não é a mesma que causa mortes em massa em aves selvagens e domésticas a nível mundial, o que prova a capacidade do H5N1 de sofrer uma mutação rápida. Apesar de terem sido contabilizados menos de mil casos em humanos, o vírus é responsável pela morte de cerca de 53% das pessoas diagnosticadas com a doença.
“Desde que o H5N1 emergiu pela primeira vez em 1996, só vimos uma transmissão rara e não sustentada para e entre humanos, mas não podemos assumir que continuará a ser esse o caso e devemos preparar-nos para qualquer mudança no status quo”, advertiu o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Ghebreyesus, no mês passado.
O atual surto já infetou ou matou mais de 200 milhões de aves em todo o mundo e milhares de mamíferos, incluindo martas em Espanha, focas e leões marinhos nos Estados Unidos da América (EUA) e golfinhos no Reino Unido.
Perante a hipótese de o mundo ter de lidar com uma eventual pandemia provocada por este vírus, os EUA criaram uma reserva de galinhas para produzir ovos que são cruciais para o desenvolvimento de vacinas contra a gripe – um método que tem sido utilizado há cerca de 80 anos, onde centenas de milhares de ovos são transferidos diariamente para instalações trancadas e vigiadas, sendo a sua localização não revelada devido a uma questão de segurança.
Para fabricar a vacina, um vírus selecionado é injetado nos ovos de uma galinha onde é incubado e replicado durante alguns dias da mesma forma que seria num humano. Posteriormente, os cientistas recolhem o líquido de dentro do ovo que contém o vírus, inativam-no e retiram o antigénio crucial que desencadeia uma resposta imunitária em caso de infeção.