Famílias têm maior subida dos rendimentos reais desde o confinamento: portugueses estão a repor poupanças

As famílias viram os seus rendimentos reais registar a maior aceleração em perto de três anos, indica esta quarta-feira o ‘Jornal de Negócios’: a subida foi apenas superada aquando da reabertura económica após o confinamento da pandemia da Covid-19, no segundo trimestre de 2021. Os ganhos, no entanto, estão a ser canalizados para recuperar poupanças após o choque da inflação, sendo que o consumo estagna em termos reais.

De acordo com dados do Instituto Nacional de Estatística, os rendimentos reais por habitante, ajustados para incluírem contributos de bens e serviços garantidos pelo Estado, estavam no final de março a crescer a um ritmo de 1,5% com uma forte aceleração face ao crescimento de 0,5% registado no fim de 2023.

Os dados confirmam a recuperação de rendimentos após as fortes restrições aos orçamentos familiares devido à inflação e dos juros – recorde-se que a segunda metade de 2022 e início de 2023 foram marcados pela perda real do poder de compra.

A melhoria nos rendimentos reais medida pelo INE para os 12 meses terminados no final do primeiro trimestre traduz o maior crescimento desde o segundo trimestre de 2021. No entanto, o impacto da aceleração de rendimentos está agora a ser diferente: se há três anos, as melhorias foram acompanhadas por forte aceleração do consumo, agora as despesas de consumo das famílias prosseguem a abrandar, com uma variação nominal já de meros 1,1% no final do primeiro trimestre.

A melhoria dos rendimentos está neste momento a ser canalizada para o reforço das poupanças, que no início deste ano recuperaram finalmente do desgaste dos últimos anos. No final de março, as famílias estavam a reservar 8% dos rendimentos ganhos ao longo dos últimos 12 meses, sendo esta a taxa de poupança mais elevada desde o início de 2022.