Falsa professora de Matemática recorre do despedimento para o Supremo Tribunal: defesa alega que prazos legais foram ultrapassados

Paula Pinto Pereira, a professor de Matemática que lecionou durante 30 anos sem ter habilitações legais, recorreu da demissão para o Supremo Tribunal Administrativo, adiantou esta sexta-feira a ‘CNN Portugal’. Em causa, está a abertura do inquérito quase seis meses após a primeira de três denúncias que deram entrada na Inspeção-Geral da Educação, quando a lei é clara quando “fixa um prazo de 60 dias a contar do conhecimento dos factos para instauração de um processo disciplinar”.

A primeira denúncia anónima chegou à Inspeção-Geral da Educação a 12 de março de 2021; a segunda chegou três dias depois e a terceira e última denúncia anónima foi recebida quatro meses depois, a 15 de julho do mesmo ano. A 23 de agosto, foi determinada a abertura de um processo de inquérito, que seria concluído sete meses depois (29 de março de 2022). O processo disciplinar, que culminou na decisão de demissão da professora e na exigência de devolução de quase 350 mil euros, só é instaurado dois dias depois, a 1 de abril de 2022.

Esta sequência temporal é questionada pela ‘docente’ no recurso para o Supremo. Para a defesa, as denúncias já continham os factos e o processo de inquérito foi aberto mais de cinco meses depois. E se a lei é omissa quanto a prazo para abertura de inquérito, é clara quando “fixa um prazo de 60 dias a contar do conhecimento dos factos para instauração de um processo disciplinar”. De acordo com esta tese, a instauração do processo disciplinar aconteceu mais de um ano depois do conhecimento da denúncia pelos superiores hierárquicos da professora.

O recurso refere ainda a prescrição dos factos – a entrega dos comprovativos de habilitações realizou-se nos anos letivos de 1990/91, 1993 e 2002: de acordo com a defesa da professora de Matemática, são factos prescritos por força do decurso do prazo de prescrição longa (um ano a contar da prática dos factos). Ou seja, o recurso defende que a professora não pode ser punida uma vez que foram excedidos todos os prazos previstos na lei, considerando que os superiores hierárquicos de Paula Pinto Pereira renunciaram ao direito de punir.

Falsa professora recebeu quase um milhão de euros em salários do Estado: tribunais dizem que não tem de devolver nada

Livros de Matemática da ‘professora’ que enganou o Ministério da Educação durante 30 anos continuam a ser usados por alunos e à vendas nas livrarias

Ler Mais





Comentários
Loading...