Fabricante alemão alerta que Europa levará dez anos a reabastecer reservas de munições

O líder da fabricante de armas alemã Rheinmetall, Armin Papperger, alertou hoje que os depósitos da Europa estão vazios de munições e que serão necessários dez anos para que se recuperem e o continente consiga defender-se.

“Estaremos bem em três ou quatro anos, mas para estarmos verdadeiramente preparados precisaremos de dez anos”, defendeu Papperger, durante a inauguração de uma nova fábrica em Untelüss, no norte da Alemanha.

Para o líder do principal fabricante de armas europeu, o continente deve produzir 1,5 milhões de munições, depois de enviar grande parte das reservas para a Ucrânia, que se defende da invasão russa.

“Enquanto tivermos guerra, ajudaremos a Ucrânia, mas depois precisaremos de cinco anos, pelo menos, e dez anos, para realmente preencher as reservas” de munições, insistiu, em declarações à BBC britânica, citadas pela agência Europa Press.

A Rheinmetall pretende produzir, em todas as suas instalações na Europa, até 700 mil projéteis de artilharia por ano em 2025, em comparação com 400 a 500 mil este ano. Antes da guerra russa na Ucrânia, produzia apenas 70.000.

O maior fabricante de armas alemão “já tem uma capacidade superior à dos Estados Unidos” em termos de produção de munições de 155 milímetros, garantiu à agência France-Presse (AFP) Armin Papperger, chefe da Rheinmetall.

No futuro, “os Estados Unidos gostariam de produzir um milhão de munições por ano e a Europa dois a três milhões, graças a uma união entre parceiros europeus”, acrescentou.

O chanceler alemão Olaf Scholz, o ministro da Defesa Boris Pistorius e a primeira-ministra dinamarquesa, Mette Frederiksen, também estiveram presentes na inauguração.

Olaf Scholz instou também hoje os europeus a voltarem-se para a produção em massa da equipamento militar, favorecendo encomendas agrupadas e de longo prazo.

“Por mais dura que seja esta realidade, não vivemos tempos de paz”, sublinhou o chanceler alemão.

A guerra da Rússia na Ucrânia e as “ambições imperiais” de Vladimir Putin representam “uma grande ameaça”, alertou.

Nesta situação, “quem quer a paz deve conseguir dissuadir possíveis agressores”, defendeu o chefe do Governo na Alemanha.

Apesar dos milhares de milhões de euros em armas entregues à Ucrânia pelos países da União Europeia (UE) desde o início da invasão russa, estes ainda estão longe de ter alcançado capacidade suficiente para apoiar de forma sustentável o país e reconstituir as suas próprias reservas.

Até ao final de março, os europeus terão fornecido apenas metade do milhão de munições prometidas à Ucrânia no ano passado.

De acordo com Olaf Scholz, para resolver estes problemas é necessária uma cooperação industrial “mais estreita” entre os 27 Estados-membros.

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