Exportações chinesas de automóveis crescem 64% em 2023 com impulso dos elétricos
As exportações de automóveis da China aumentaram 63,7%, em 2023, enquanto as vendas internas, impulsionadas por incentivos, aumentaram 4,2%, informou hoje uma associação do setor
Os fabricantes de automóveis chineses expandiram agressivamente as exportações em busca de crescimento em falta no país, à medida que a economia chinesa abranda.
As vendas de automóveis na China totalizaram 21,9 milhões de carros no ano passado, enquanto as exportações aumentaram para 4,1 milhões de unidades, informou a Associação Chinesa de Fabricantes de Automóveis. As vendas internas caíram em relação a um pico de cerca de 24 milhões em 2017.
O aumento das exportações pode fazer com que a China ultrapasse o Japão como o maior exportador mundial de automóveis. O Japão exportou 3,6 milhões de carros nos primeiros 11 meses do ano, com uma contagem final prevista para 31 de janeiro.
Um forte aumento das vendas para a Rússia ajudou a aumentar as exportações da China em 2023. A China exportou 840.000 veículos para a Rússia nos primeiros 11 meses do ano passado, incluindo camiões e autocarros, bem como automóveis.
A Associação de Automóveis de Passageiros da China disse no início desta semana que a procura na Rússia e nos países vizinhos está a abrandar e que o crescimento futuro das exportações dependerá de uma expansão das vendas de veículos elétricos no estrangeiro.
Os fabricantes chineses de veículos elétricos têm como alvo os mercados do Sudeste Asiático, Europa e Austrália, entre outros.
A associação de fabricantes não fornece uma repartição para veículos elétricos, mas os dados divulgados pela Associação de Automóveis de Passageiros mostraram que os veículos elétricos representaram 24% das vendas de carros novos na China em 2023, face a 12%, em 2021. Se forem incluídos os híbridos, a quota de veículos alimentados por novas energias nas vendas totais atingiu 36%, no ano passado.
O modelo Tesla Model Y foi o carro elétrico mais vendido na China no ano passado, com 646.800 unidades vendidas, seguido do sedan BYD Song com 428.600 unidades, de acordo com o grupo de automóveis de passageiros.
O Modelo Y custa entre 266.400 e 363.900 yuan (34.210 a 46.700 euros), de acordo com o portal oficial Tesla, e o BYD Song custa entre 129.800 a 159.800 yuan (16.700 a 20.500 euros).
Bill Russo, fundador da empresa de consultoria Automobility em Xangai, disse que as empresas chinesas democratizaram o veículo elétrico, baixando o seu preço. O próximo desafio será convencer os compradores de que um carro elétrico pode satisfazer as suas necessidades de condução. Mas o primeiro passo é disponibilizá-lo a um preço razoável, disse Russo.
“É esse o paradigma que os chineses quebraram, o de que é possível tornar um elétrico acessível”, afirmou. “O que a China está a fazer com os veículos elétricos é utilizar o seu mercado interno para gerar economias de escala que pode depois utilizar a nível internacional”.
A Fitch Ratings afirmou num relatório do mês passado que espera que a quota de veículos de energia nova, incluindo os híbridos, nas vendas totais da China aumente para 42%-45% em 2024.
A União Europeia, preocupada com o aumento das importações da China, abriu um inquérito comercial no ano passado sobre os subsídios atribuídos pelo Estado chinês aos fabricantes de veículos elétricos. A investigação está em curso.
A associação de fabricantes chineses disse que as vendas totais de todos os veículos, no país e no estrangeiro e incluindo camiões e autocarros, atingiram o marco de 30 milhões de unidades em 2023, um aumento de 12% em relação ao ano anterior. Prevê-se que o crescimento abrande para cerca de 3% este ano.