Explosão estelar promete espetáculo de luz este ano. E a Europa tem o lugar da frente

Uma rara explosão astronómica localizada a 3.000 anos-luz da Terra promete iluminar brevemente o céu noturno, oferecendo aos entusiastas da astronomia uma oportunidade única de observar este fenómeno cósmico.

O sistema estelar binário na constelação da Coroa Boreal, frequentemente designada por “coroa do norte”, é geralmente demasiado ténue para ser detetado a olho nu.

No entanto, a cada 80 anos, as interações intensas entre as suas duas estrelas, numa ‘dança estelar mortal’, desencadeiam uma explosão nuclear desenfreada.

O clarão resultante da explosão percorre o cosmos, fazendo com que surja uma “nova estrela” no nosso céu noturno por alguns dias, tão brilhante como a Estrela Polar, conforme afirmou a NASA.

Este será, possivelmente, o terceiro evento do género observado pela humanidade, tendo sido inicialmente identificado pelo intelectual irlandês John Birmingham em 1866 e posteriormente em 1946.

Sumner Starrfield, astrónomo da Universidade Estadual do Arizona, manifestou à AFP o seu entusiasmo pela “explosão” da nova.

“Trabalho intermitentemente no sistema T Coronae Borealis, também conhecido como ‘Estrela Ardente’, desde os anos 60. Estou ansioso para ver o próximo evento”, referiu Starrfield.

Atualmente, Starrfield encontra-se a finalizar um estudo científico que antecipa as descobertas sobre esta estrela recorrente nos próximos meses.

“Pode ocorrer a qualquer momento… mas espero que ainda demore um pouco”, comentou com humor.

A Dança Cósmica entre a Anã Branca e a Gigante Vermelha

Segundo Starrfield, existem aproximadamente 10 estrelas recorrentes na Via Láctea e nas galáxias adjacentes.

As estrelas normais têm explosões “talvez a cada 100.000 anos”, explicou. No entanto, as estrelas recorrentes apresentam um espetáculo mais frequente devido à relação peculiar entre as suas estrelas.

Uma das estrelas é uma gigante vermelha, uma estrela em fase terminal que esgotou o seu hidrogénio e se expandiu imensamente — um destino que o nosso Sol enfrentará daqui a cinco mil milhões de anos.

A outra é uma anã branca, a fase final da evolução de uma estrela, onde apenas o núcleo denso permanece após a dispersão da sua atmosfera.

A diferença de tamanho entre as duas estrelas é tão significativa que a anã branca de T Coronae Borealis demora 227 dias para completar uma órbita em torno da gigante vermelha.

Ambas as estrelas estão tão próximas que os detritos expelidos pela gigante vermelha acumulam-se na anã branca.

Quando uma massa semelhante à da Terra se acumula na anã branca, após cerca de 80 anos, esta aquece o suficiente para desencadear uma reação termonuclear explosiva, explicou Starrfield.

Joachim Krautter, astrónomo alemão reformado especialista neste fenómeno, detalhou: “Esta reação resulta numa explosão colossal, elevando a temperatura para uns incríveis 100-200 milhões de graus Celsius.”

O telescópio espacial James Webb será um dos instrumentos focados na explosão de T Coronae Borealis, conforme revelou Krautter à AFP.

No entanto, para apreciar este fenómeno raro, não é necessário tal equipamento sofisticado.

“Basta olhar na direção da Coroa Boreal”, sugeriu Krautter.

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