Explicador: Que impacto têm as eleições brasileiras nos mercados financeiros?

O candidato Luís Inácio Lula da Silva e o atual chefe de Estado brasileiro, Jair Bolsonaro, vão disputar a segunda volta das eleições presidenciais do Brasil, que decorrem no dia 30 de outubro. Na primeira volta, disputada este domingo, Lula da Silva obteve 48% dos votos enquanto Bolsonaro teve 43%.

As eleições no Brasil decorrem em dois turnos, sendo necessário que o candidato vencedor tenha 50% dos votos válidos (excluídos, brancos, nulos e abstenções). No primeiro turno para presidente e governadores de Estados e turno único para Senadores e Deputados Estaduais e Federais, as previsões apontavam para um favoritismo da esquerda, a oposição ao executivo atual, mas o resultado foi diferente.

“Nos principais Estados, o governo conseguiu colocar candidatos no 2º turno ou, até mesmo, já venceu o pleito. Para o Congresso Nacional, o governo conseguiu eleger a grande maioria dos Senadores e conseguiu também a maioria na Câmara dos Deputados. Para Presidente, as principais pesquisas indicavam uma diferença a favor de Lula de cerca de 12 a 14 pontos percentuais. Porém, o resultado final ficou perto de somente 4% contra Bolsonaro, explica à ‘Executive Digest’ Eduardo Boechat, analista de mercados da ActivTrades Brasil.

Agora, as previsões apontam para que, mesmo que a esquerda consiga vencer as eleições presidenciais, não terá votos suficientes no Congresso Nacional para aprovar medidas que sejam contra o mercado, já que a eleição legislativa foi favorável ao atual governo.

O analista explica que Lula da Silva tinha intenções de revogar a lei do Teto de Gastos, que limita os gastos do governo central, e também que pretendia revogar pontos importantes das reformas trabalhista e da previdência. Para além disso, poderá ter que recuar na intenção de uma maior interferência nas principais empresas estatais, como é o caso da Petrobras.

No entanto, agora abrem-se outras possibilidades como a reeleição de Bolsonaro ou ainda, no caso de derrota do atual Presidente brasileiro, as acusações de fraude eleitoral.

No meio da incerteza sobre o futuro governativo no Brasil, “os mercados reagiram muito bem, com o Real a valorizar-se mais de 4%, assim como a bolsa a subir mais de 4%, enquanto escrevo aqui este comentário. A Petrobras, por exemplo, chegou a estar a subir 9% e agora sobe 7%. Este movimento também foi ajudado pela melhoria nas bolsas pelo mundo todo, com o S&P a subir agora mais de 2%”, sublinha Eduardo Boechat.

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