Explicador: BCE deve subir hoje as taxas de juro. O que significa para a economia portuguesa?
O Banco Central Europeu (BCE) deverá subir as taxas de juro na sua reunião de hoje, pela primeira vez em 11 anos. No entanto, a escala da subida da taxa permanece incerta. “Os economistas estão divididos entre 25 e 50 pontos base (pb) de subida da taxa de base. Os mercados descontam atualmente 35 pb de subida na reunião de hoje. Dito isto, haverá uma surpresa certamente”.
Nuno Mello, analista da XTB, explica à ‘Executive Digest’ que se o BCE aumentar a taxa em 25 pb, os índices europeus deverão subir e a moeda única desvalorizar. Já no caso do BCE aumentar a taxa em 50 pb, o euro deverá apreciar e os índices europeus desvalorizarem.
Para além do anúncio de uma possível subida da taxa de juro, o BCE deverá também anunciar detalhes do seu plano de anti-fragmentação, com vista a controlar o mercado obrigacionista europeu.
“Uma das coisas que vai mudar, é o custo de refinanciamento cobrado aos bancos comerciais europeus, que neste momento está nos 0%. A normalização da política monetária e o correspondente aumento das taxas de juro, bem como a descontinuação dos programas de compra de ativos (a grande maioria de dívida pública), visa combater a inflação”, explica Nuno Mello.
O analista sublinha que este é um processo que não terá efeitos imediatos, e que trará riscos claros para a economia europeia, famílias, empresas e governos. Destaca ainda que o impacto mais imediato será nos países mais endividados, sobretudo naqueles onde a exposição à dívida bancária e soberana é maior, como é o caso de Portugal, Espanha, Grécia e Itália.
Com esta subida da taxa de juro de referência por parte do BCE, os custos de financiamento dos bancos aumentam, o que se traduz em taxas mais elevadas, em particular nos empréstimos a particulares e empresas. “As empresas, sobretudo as mais pequenas e dependentes do crédito bancário, também são as que mais irão sofrer”, destacou o analista.