Ex-oficial russo vai testemunhar perante o Tribunal Penal Internacional sobre “atrocidades” na Ucrânia ordenadas pelo Kremlin

Um antigo coronel russo e ex-membro do grupo paramilitar Wagner, que esteve envolvido no conflito na Ucrânia e depois desertou, confessou ter testemunhado crimes de guerra e raptos de crianças.

Igor Salikov chegou esta segunda-feira aos Países Baixos para testemunhar sobre alegados crimes de guerra cometidos por Moscovo em território ucraniano perante o Tribunal Penal Internacional, com sede em Haia. “Testemunhei atrocidades contra civis”, apontou, à emissora pública holandesa ‘NPO1’, acrescentando que viu prisioneiros de guerra a serem abusados e executados e crianças a serem raptadas.

“Vi pessoas dos serviços secretos levarem um grande número de crianças sem pais através da fronteira para a Bielorrússia”, acusou Salikov, garantindo que aqueles que cometeram esses alegados crimes de guerra o fizeram por ordem do Ministério da Defesa russo, mas também por ordem direta do gabinete do presidente russo, Vladimir Putin.

Em março último, o TPI emitiu um mandado de prisão internacional para Putin devido à transferência forçada de crianças para a Rússia na sequência da invasão da Ucrânia pela Rússia. Paralelamente, Kiev e vários dos seus aliados ocidentais têm pressionado pela criação de um tribunal para investigar o “crime de agressão” da Rússia durante o conflito.

Salikov, de 60 anos, desertou depois de ter recusado uma ordem para executar civis e garantiu que pretende testemunhar perante o TPI porque “perdeu a fé na causa russa”. O ex-coronel salientou por último que estava na Ucrânia quando as forças do Kremlin invadiram a região oriental do Donbass em 2014, quando viu abusos semelhantes, com “civis a serem ameaçados e assassinados”.






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