Europeias: Extrema-direita ausente do último debate, mas dominou discussão entre cabeças de lista. Os pontos altos do frente-a-frente dos ‘spitzenkandidat’

A extrema-direita esteve hoje ausente no último debate dos cabeças-de-lista dos partidos às eleições europeias, mas dominou a discussão, com a maioria dos candidatos a rejeitarem acordos e a candidata de centro-direita a ‘estender a mão’ aos conservadores.

A pouco mais de duas semanas do arranque das eleições europeias, marcadas entre 06 e 09 de junho, os candidatos principais dos partidos à presidência da Comissão Europeia participaram hoje num debate em Bruxelas, promovido pelo Parlamento Europeu e pela União Europeia de Radiodifusão, do qual estiveram porém ausentes o grupo dos Reformistas e Conservadores (ECR) e da extrema-direita Identidade e Democracia (ID) por não terem escolhido cabeça-de-lista (‘spitzenkandidat’).

Numa altura em que o ECR e o ID trocam acusações e enfrentam conflitos internos, a cabeça de lista de centro-direita a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, rejeitou na ocasião acordos com “amigos de Putin”, sem nunca mencionar a extrema-direita ou os conservadores, e disse “trabalhar bem” com a primeira-ministra italiana, a líder conservadora Giorgia Meloni.

Por seu turno, o cabeça de lista dos Socialistas Europeus à Comissão Europeia, Nicolas Schmit, prometeu manter a recusa a acordos pós-eleitorais com a extrema-direita, afirmando-se apenas disponível para trabalhar com as forças políticas democráticas, enquanto criticou a falta de “linhas vermelhas” do Partido Popular Europeu.

Um dia depois de Espanha, a Irlanda e a Noruega terem anunciado que vão reconhecer o Estado da Palestina a 28 de maio, Ursula von der Leyen escusou-se a comentar o reconhecimento do Estado da Palestina por três países europeus, vincando ser antes comum na UE o apoio a dois Estados.

Em matéria de segurança, a cabeça de lista de centro-direita para presidente da Comissão Europeia defendeu um escudo aéreo de defesa para a União Europeia e apoio à Ucrânia contra a Rússia, sendo criticada por não abordar os ataques israelitas a Gaza.

Já o candidato da Esquerda Europeia considerou que é preciso que a UE tenha um papel de mediação de um cessar-fogo para “uma Ucrânia próspera e segura”.

Relativamente às migrações, von der Leyen rejeitou “bater a porta” aos migrantes, defendendo investimento nos países de origem e trânsito, enquanto o cabeça-de-lista socialista condenou o acordo com a Tunísia, “uma ditadura péssima”.

Quanto às alterações climáticas, a candidata principal do Partido Popular Europeu à presidência da Comissão Europeia garantiu que a UE está no caminho certo para debelar as alterações climáticas, mas os outros candidatos apontaram falta de investimento e envolvimento de todos os setores.

Este foi o terceiro debate que junta os cabeças de lista (‘spitzenkandidaten’) das bancadas parlamentares da União Europeia às eleições europeias, após um primeiro organizado a 23 de abril e de um segundo promovido na passada terça-feira pelo grupo de reflexão de assuntos económicos Bruegel e pelo jornal britânico Financial Times.

A figura dos candidatos principais – no termo alemão ‘spitzenkandidat’ – surgiu nas eleições europeias de 2014, com os maiores partidos europeus a apresentarem as suas escolhas para futuro presidente da Comissão, apesar de o modelo não ter sido seguido em 2019.

Este é o procedimento através do qual os partidos políticos europeus nomeiam cabeças de lista para o cargo de presidente da Comissão Europeia, sendo este papel atribuído ao candidato capaz de reunir maior apoio parlamentar após o sufrágio.

Atualmente, o Parlamento Europeu é composto por sete grupos políticos, sendo o Partido Popular Europeu o maior deles, seguido pela Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas, a bancada do Partido dos Socialistas Europeus.

Cerca de 373 milhões de eleitores são chamados a escolher os 720 deputados ao Parlamento Europeu, nas eleições que decorrem nos 27 Estados-membros da União Europeia entre 06 e 09 de junho. Em Portugal, que elege 21 eurodeputados, o escrutínio está marcado para 09 de junho.

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