Europa está a mudar e procura autonomia energética. Atores pedem apoio financeiro e político para eliminar dependência externa

As autoridades norte-americanas têm desempenhado um papel ativo nas discussões sobre as dinâmicas tecnológicas globais, concentrando-se num ponto-chave: a sede da ASML Holding NV, localizada nos Países Baixos. Esta empresa é a principal fornecedora mundial de equipamentos para a produção de semicondutores, tornando-se um ponto focal crítico na corrida global dos chips, avaliada em 380 mil milhões de dólares.

A influência exercida pela ASML a partir do seu campus em Veldhoven ilustra uma mudança significativa na geografia industrial da Europa. Enquanto a Ucrânia enfrenta desafios de segurança, fábricas de munições francesas e estaleiros italianos estão em plena atividade, conta Lionel Laurent num artigo de opinião na ‘Bloomberg’.

Além disso, cidades com histórico de conflitos, como Dresden, estão a ser revitalizadas como centros de inovação, especialmente no campo da fabricação de chips.

Essa transformação reflete uma mudança na Europa. Durante grande parte do século, a região destacou-se pelo poder económico e pela união de mercados. No entanto, as vulnerabilidades expostas pela pandemia e por conflitos geopolíticos recentes evidenciaram a necessidade de uma abordagem mais estratégica.

Países como a Alemanha, Finlândia e Suécia estão a reforçar a sua segurança económica e tecnológica, explorando recursos essenciais e investindo em inovação.

A necessidade de garantir acesso a matérias-primas e reduzir a dependência externa tornou-se uma prioridade. A descoberta de depósitos de terras raras na Europa, por exemplo, é vista como um passo significativo para mitigar essa dependência. Além disso, a construção de fábricas e instalações de produção em toda a região visa a fortalecer a autonomia e a segurança industrial.

Essa abordagem não se limita apenas à produção industrial. Portos como o de Trieste, na Itália, estão a atrair a atenção pela sua crescente influência geopolítica no comércio mediterrânico.

Além disso, empresas como a ASML estão a promover alianças internacionais para fortalecer as suas cadeias de fornecimento e garantir uma posição competitiva global.

No entanto, essa expansão industrial não está isenta de desafios, revela a mesma fonte. Limitações de mão-de-obra e recursos financeiros são obstáculos a serem superados. Por isso, é crucial uma abordagem coordenada e estratégica a nível europeu, garantindo o apoio financeiro e político necessário para sustentar essas iniciativas de longo prazo.

Em última análise, a nova geografia industrial da Europa reflete uma mudança na mentalidade geopolítica da região.

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