Europa bate recordes de pedidos de asilo: qual é o impacto económico dos migrantes na UE?

Qual é o impacto económico da migração na Europa? O recente aumento causado pela guerra e pela instabilidade estão a afetar o panorama socioeconómico da Europa, com alguns países a não conseguir proporcionar segurança e proteção aos seus cidadãos – e, como tal, um grande número de pessoas desses países procura migra para áreas mais adequadas aos seus interesses sociais e económicos.

Os deslocados procuram abrigo como migrantes, refugiados ou requerentes de asilo, sem dúvida com um impacto no panorama socioeconómico dos países europeus. No entanto, de acordo com o portal ‘Euronews’, há quem considere que os migrantes estão a sobrecarregar os cofres dos Governos, com elevados custos sociais e baixas taxas de emprego.

Quantos chegaram à Europa?

De acordo com relatórios oficiais, quase 3,5 milhões de pessoas migraram para a UE em 2022 como refugiados com estatuto de asilo. Além disso, houve cerca de 4,2 milhões de ucranianos com proteção temporária nos Estados-membros da UE desde a invasão russa, em fevereiro de 2022.

Entre os maiores requerentes de asilo no bloco, os sírios e afegãos continuam em destaque, com cerca de 100 mil pedidos apresentados em 2023, segundo dados da Agência da União Europeia para o Asilo. De acordo com as estatísticas da Organização Internacional para as Migrações, houve 213.896 migrantes a chegar à Europa em 2022.

Perante este fluxo, muitos países europeus estão a reavaliar a sua política de migração devido à pressão política e os potenciais conflitos com os seus próprios cidadãos – no entanto, cada país europeu tem uma abordagem diferente em relação à migração.

Repare-se o caso do Reino Unido: depois de um número recorde de 745 mil migrantes em 2022, o Governo britânico anunciou planos para reduzir as entradas no país. Em França, o debate foi acalorado sobre o projeto de lei que endureceu as regras para os migrantes. Na Alemanha, procura-se igualmente rever a sua política de migração depois de ter recebido o maior número de pedidos de asilo em 2023.

Em Itália registou-se um aumento no número de migrantes transportados por via marítima e planeia agora construir dois centros na Albânia para acolher até 36 mil migrantes por ano. Espanha também terá de repensar os contornos da sua política de migração depois de receber um recorde de 13 mil migrantes devido à turbulência política em África.

Quais são os benefícios?

Em muitos países europeus, fala-se de aumentar a produção fiscal e há em diversos Governos a sensação de que os migrantes podem elevar a estabilidade económica do país a longo prazo – a falta de trabalhadores qualificados na Alemanha levou os especialistas a estimar que o país necessitará de 1,5 milhões de imigrantes todos os anos para manter a sua força de trabalho.

Ao contrário da maioria dos outros estados, a Alemanha manteve as suas políticas flexíveis para atrair mão-de-obra estrangeira.

Com o medo dos imigrantes percebidos por alguns como uma ameaça à coesão social e à identidade nacional, noutros lugares, ocorreu uma mudança de paradigma na última década, percebendo os imigrantes como ativos para os mercados de trabalho nacionais e para o sistema de segurança social, impulsionando o desenvolvimento económico.

A inclusão de migrantes em sectores como os cuidados de saúde, a construção, a agricultura e a logística pode levar a uma produção lucrativa, reduzindo a tensão e a angústia económica.

Desequilíbrios a ter em conta

De acordo com um relatório recente da Frontex, o número de passagens ilegais nas fronteiras externas da UE em 2023 atingiu aproximadamente 380 mil. Este afluxo levou a crimes transfronteiriços, como fraude documental, tráfico de seres humanos e contrabando de mercadorias e armas ilegais.

Os programas de integração de migrantes, como a orientação cultural e as sessões de formação linguística, podem constituir uma pressão sobre os orçamentos governamentais, uma vez que o custo é inicialmente suportado pelo país anfitrião.

O aumento da migração pode resultar numa elevada procura de habitação no sector da construção, conduzindo a preços imobiliários e rendas mais elevados. Esta causa e efeito não só influenciará a vida do migrante, mas também terá graves repercussões sobre os residentes.

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