Eurogrupo admite “caminho a percorrer” até retoma devido às incertezas
O presidente do Eurogrupo, Paschal Donohoe, admitiu hoje existir “algum caminho a percorrer” até à recuperação económica sustentável da zona euro, dadas “as incertezas” relacionadas com a pandemia e o surgimento de variantes do vírus, pedindo “políticas ágeis”.
“Há ainda algum caminho a percorrer. As nossas políticas terão de permanecer ágeis dada a incerteza associada à pandemia e às suas variantes”, afirma Paschal Donohoe, numa declaração sobre o programa de trabalho do Eurogrupo para o segundo semestre de 2021.
No dia em que os ministros das Finanças da zona euro se reúnem presencialmente em Lisboa, no âmbito da presidência portuguesa da União Europeia (UE), o responsável aponta que “a recuperação económica está a ganhar ímpeto à medida que as economias reabrem e que os fundos do Mecanismo de Recuperação e Resiliência chegam ao terreno”, o que deverá acontecer no verão.
Ainda assim, “para ser sustentável, a recuperação também precisa de ser inclusiva e limitar os riscos de cicatrizes a longo prazo”, admite Paschal Donohoe, vincando que “os apoios orçamentais, tanto a nível nacional como da UE, devem continuar a abordar os impactos desiguais da pandemia e a ajudar os mais expostos aos efeitos da pandemia”.
A expectativa do também ministro irlandês das Finanças é que as verbas da recuperação pós-crise da covid-19 levem “a mudanças transformadoras na estrutura das nossas economias, tornando-as mais verdes e mais digitais”.
Em causa está o Mecanismo de Recuperação e Resiliência, avaliado em 672,5 mil milhões de euros (a preços de 2018) e elemento central do “Next Generation EU”, o fundo de 750 mil milhões de euros aprovado pelos líderes europeus em julho de 2020 para a recuperação económica da UE da crise provocada pela pandemia de covid-19.
Para aceder ao mecanismo, os países da UE têm de submeter a Bruxelas os seus PRR com os programas de reforma e de investimento até 2026, sendo que 18 Estados-membros (incluindo Portugal) já o fizeram, faltando nove.
Mas para que este fundo de recuperação chegue ao terreno é também necessário que cada país ratifique a decisão sobre recursos próprios, passo esse que permite à Comissão ir aos mercados angariar financiamento e que já foi dado por 22 países da UE (também incluindo Portugal), faltando cinco.
Nesta declaração, Paschal Donohoe assinala que, além da “resposta económica europeia eficaz”, também tem existido na zona euro uma “dinâmica acelerada do processo de vacinação, que tem sido crucial para ajudar a confiança económica”, numa altura em que quase 40% dos adultos europeus recebeu a primeira dose e quase 17% tem a inoculação completa.
Além disso, “o Eurogrupo tem estado na vanguarda desta resposta conjunta e continuará a desempenhar um papel fundamental na área do euro na identificação, coordenação e implementação das políticas que proporcionarão uma recuperação robusta, inclusiva e sustentável”, observa Paschal Donohoe.
Já na segunda metade do ano, a estrutura vai focar-se num “reforço da economia da zona euro, [que] é essencial para a recuperação e o regresso a uma trajetória de crescimento sustentável”, indica.
“Através das nossas discussões de alto nível, é minha prioridade assegurar que o Eurogrupo continue a ser um fórum para promover um entendimento comum sobre os desafios e definir políticas apropriadas para a zona euro”, adianta o responsável, numa alusão a questões como o aprofundamento da União Económica e Monetária e a conclusão da União Bancária.