EUA: Super-ricos já pagam menos impostos do que a classe média

Nos Estados Unidos, a regressão fiscal já não é só um argumento populista: os 400 norte-americanos mais ricos pagam uma percentagem menor do que qualquer outra classe, escreve o “Le Economista”.

Emmanuel Saez e Gabriel Zucman, professores da Universidade da Califórnia, chamam a atenção para isso mesmo no livro «O triunfo da injustiça», que será publicado na próxima semana, onde apontam que os americanos mais ricos pagaram apenas 23% de impostos em 2018. Em média, a maioria dos consumidores dos Estados Unidos paga entre 25% e 30% de taxas.

Os especialistas duvidam deste efeito sobre o PIB, alegando que este alívio fiscal de 5% à classe alta reforçou a desigualdade nos Estados Unidos. Na década de 50, os 400 mais ricos do país pagavam 70% de impostos, enquanto as classes média e baixa pagavam cerca de 20%. Mas a redução dos impostos para os mais ricos foi progressiva: baixou para 47% em 1980 e para 23% em 2018.

Como recorda o jornal espanhol, a última reforma fiscal foi aquela que Donald Trump conseguiu aprovar no dia 22 de Dezembro de 2017. O plano de emprego e cortes fiscais foi a maior reforma desde Ronald Reagan. Das principais medidas do plano, destaca-se a redução do imposto sobre o lucro das empresas (equivalente ao IRC em Portugal) para 21% e a redução da maioria das taxas que incidem sobre os escalões do imposto equivalente ao IRS português, incluindo a taxa máxima, que baixou para os 37%. Em meados do século passado, a taxa máxima do imposto sobre o rendimento de pessoas singulares era de 91% e a taxa máxima do imposto sobre lucro das empresas era de 50%. 

Para os especialistas, a solução passa por elevar para 60% a percentagem de impostos pagos por 1% dos mais ricos da sociedade norte-americana, garantindo um lucro de 750 mil milhões de dólares, equivalente a 4% do PIB. Defendem também o aumento da taxa mínima sobre o lucro das empresas para 25% e que as organização que operem nos Estados Unidos  paguem impostos sobre o rendimento nesse país, independentemente de onde estejam sediadas.

Os críticos apoiam ainda a ideia de Elisabeth Warren, senadora do Estado de Massachusetts, que propõe a criação de um imposto sobre a riqueza. Warren quer um imposto de 2% sobre o património acima de 50 milhões de dólares, a que se soma um adicional de 3% nas fortunas superiores a mil milhões.

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