EUA enviam bombardeiro B-1B para a “porta” da Coreia do Norte em resposta ao teste nuclear de Kim Jong Un
Os Estados Unidos enviaram um bombardeiro estratégico B-1B para o nordeste da Ásia para participar num exercício aéreo trilateral com a Coreia do Sul e o Japão, realizado no domingo. Esta movimentação acontece poucos dias depois do líder norte-coreano, Kim Jong Un, supervisionar o lançamento de um novo míssil balístico intercontinental, o Hwasong-19, que representa a mais recente exibição de força militar do regime de Pyongyang.
O Hwasong-19 é considerado o maior míssil intercontinental da Coreia do Norte, com uma capacidade de alcance estimada em mais de 15.000 quilómetros, o que permitiria um potencial ataque nuclear ao território continental dos EUA, caso fosse lançado numa trajetória convencional. Durante o teste, o míssil viajou numa rota vertical acentuada, uma manobra comum para evitar violar o espaço aéreo de outros países. Apesar disso, as autoridades japonesas estimam que a sua potência e alcance representam um risco direto para a segurança dos EUA e dos aliados asiáticos.
A Coreia do Sul e o Japão, que não possuem armas nucleares, contam com a proteção do sistema de dissuasão nuclear dos EUA, conhecido como “guarda-chuva nuclear”. Este compromisso norte-americano visa deter e responder a cenários de ameaça nuclear e não-nuclear, garantindo a defesa dos aliados asiáticos. Para reforçar esta postura, um bombardeiro B-1B Lancer da Força Aérea dos EUA foi deslocado da base de Ellsworth, no estado de Dakota do Sul, até ao espaço aéreo a leste da ilha sul-coreana de Jeju, localizada a sul da Península Coreana e a oeste da ilha de Kyushu, no Japão.
O B-1B, embora não transportando armamento nuclear como os bombardeiros B-2 Spirit e B-52H Stratofortress, é capaz de carregar uma carga convencional de 34 toneladas, a maior capacidade de carga convencional na Força Aérea dos EUA. No decorrer do exercício, o bombardeiro norte-americano foi escoltado por quatro caças F-2 japoneses, quatro caças sul-coreanos F-15K e três caças F-16 norte-americanos posicionados na Coreia do Sul, realizando um voo coordenado entre as três nações.
A declaração pública emitida pelo Comando Indo-Pacífico dos EUA destaca o compromisso “absoluto” das três nações para garantir uma região Indo-Pacífico segura, aberta e baseada em regras internacionais. O objetivo principal do exercício, segundo as autoridades militares dos EUA, foi demonstrar a prontidão para responder imediatamente a qualquer desafio de segurança na região, considerando o ambiente crítico atual.
O exército sul-coreano acrescentou que o bombardeiro B-1B demonstrou capacidades de ataque “avassaladoras” ao simular um alvo durante o exercício, embora não tenha sido utilizado armamento real. Esta ação foi, segundo o governo de Seul, uma resposta direta ao recente lançamento do ICBM norte-coreano, sublinhando que a Coreia do Sul pretende intensificar a sua coordenação de segurança com os EUA e o Japão para responder de forma conjunta e eficaz às ameaças de Pyongyang.
Aumento da frequência das operações militares dos EUA na península
De acordo com a imprensa japonesa, esta foi a quarta vez que os EUA enviaram bombardeiros estratégicos à Península Coreana em 2023. As operações anteriores ocorreram a 2 de abril, 5 de junho e 1 de outubro, envolvendo o B-1B Lancer e o B-52H Stratofortress. A série de exercícios e operações militares trilaterais demonstra uma resposta de defesa contínua e escalada às recentes provocações nucleares e balísticas de Pyongyang.
Após o fim do exercício de domingo, o bombardeiro norte-americano B-1B iniciou o voo de regresso aos EUA. Embora estivessem inicialmente planeados dois bombardeiros para o exercício, informações de rastreadores de aeronaves militares indicam que um dos bombardeiros foi forçado a regressar a Dakota do Sul a meio do trajeto, possivelmente devido a problemas técnicos.