Estudo mostra impacto da poluição atmosférica na cognição
O impacto da poluição atmosférica na saúde humana tem sido um tema recorrente ao longo das últimas décadas, motivando amplos debates na comunidade médica e cientifica relativamente a este tema. Sabendo-se já das implicações que a poluição atmosférica tem para o sistema respiratório, um novo estudo de investigadores alemães e suíços descobriu que o ar poluído pode também ter implicações negativas no funcionamento do cérebro sem mediação pulmonar.
De acordo com esse mesmo estudo, cuja autoria é partilhada pelo Instituto de Pesquisa de Medicina Ambiental de Leibniz, na Alemanha, e pelo Instituto Suíço de Saúde Pública e Tropical, na Suíça, a poluição ambiental pode diminuir as funções cognitivas dos seres humanos, sem que exista qualquer ligação com os pulmões.
“As nossas observações contrariam a hipótese de que o ar poluído reduza em primeiro lugar as funções respiratórias e isso, por sua vez, cause lesões ao nível cognitivo ao libertar sinais de stress e de imunidade humoral pelo corpo”, referiu Mohammad Vossoughi, estudante de medicina do instituto germânico. Ou seja, além de prejudicar a função respiratória, a poluição consegue, também, ter efeitos nocivos directamente sobre o cérebro, não existindo necessidade de causalidade entre os dois órgãos do corpo.
“A análise de mediação mostrou que o funcionamento dos pulmões não foi um mediador entre a poluição atmosférica e declínio na cognição. (…) O funcionamento dos pulmões ao longo da vida adulta parece oferecer uma antevisão para o desenvolvimento de lesoes cognitivas nos mais idosos, no entanto, a poluição do ar e o mau funcionamento dos pulmões são indicadores independentes sobre o declínio cognitivo”, refere o estudo, enunciando as suas conclusões, mas deixando claro que são necessários novos estudos para “elucidar sobre os mecanismos subjacentes relativos aos problemas do funcionamento pulmonar, poluição do ar e declínio cognitivo”.
Vossoughi enfatizou que as pequenas partículas de fumo e de pó emitidas pelos automóveis podem ter impacto no sistema nervoso através do olfacto, levantando uma vez mais a questão relativa à poluição automóvel, em especial nas grandes metrópoles onde a poluição atmosférica tende a ser um problema cada vez mais persistente e difícil de combater. Alguns países, como a China ou Índia, lidam com questões graves de ‘smog’, nevoeiro intenso que decorre da poluição do ar, encontrando-se actualmente a tentar controlar a situação com a introdução de motores mais eficientes e menos poluentes.