Estaremos a caminho da primeira recessão desde 2009?
Guerras comerciais, conflitos armados e alterações climáticas. É este o pano de fundo de uma potencial nova recessão, a primeira que a economia mundial poderá enfrentar desde 2009. Isto apesar de os Estados Unidos da América terem fechado um acordo parcial com a China e de o Reino Unido parecer estar mais aberto a negociar a sua saída da União Europeia.
Kristalina Georgieva, líder do Fundo Monetário Internacional, acredita que existe um risco sério de o abrandamento verificado nalgumas economias se expandir a nível mundial. Amanhã, no encontro anual deste organismo, é provável que a previsão de crescimento para este ano (3,2%) seja revista em baixa.
De acordo com a Bloomberg Economics, o ritmo de crescimento do PIB global abrandou para 2,2% no terceiro trimestre. No início de 2018, fixava-se nos 4,7%. Perante dados como estes, a agência revela alguns dos argumentos que apontam (ou não) para uma nova recessão.
Antes de tudo, eis as razões que devem gerar preocupação: guerra comercial entre os EUA e a China; contracção da manufactura, nomeadamente no sector automóvel; geopolítica, especialmente no que concerne a relação entre o Reino Unido e a União Europeia mas também os conflitos entre os EUA e o Irão, Turquia e Síria e, ainda, a incerteza em países como Argentina, Equador, Peru e Venezuela.
Há ainda que ter em atenção o enfraquecimento dos lucros devido a um aumento dos ordenados e quebra na produtividade, entre outros. Isto poderá levar as grandes empresas a embarcar em ondas de despedimentos, resultando numa descida na confiança e no consumo.
A Bloomberg Economics destaca ainda outros dois aspectos como motivos de preocupação. Por um lado, a falta de poder e recursos dos bancos centrais. Por outro, uma sensação geral de relutância nos governos, que insistem em políticas fiscais reactivas em vez de proactivas.
Mas nem tudo parece mau e existem sinais positivos que levam a crer que a recessão pode estar longe. Segundo a Bloomberg Economics, o risco de recessão nos Estados Unidos da América, no próximo ano, é de 25%: e se a maior economia do mundo se conseguir aguentar, é provável que as restantes também sigam o mesmo caminho.
Destaque também para o recuo no desemprego, fruto de maratonas de contratações que dão origem a aumentos sem precedentes na confiança dos consumidores. Os bancos centrais, por seu turno, mostram-se activos – apesar da falta de recursos.
Por fim, a China está a investir e a “cultura dos excessos” parece estar bem longe – ao contrário do que aconteceu com outras recessões. No geral, a inflação não está elevada e as bolsas não sucumbiram à bolha.