Esta semana, tudo se resume aos números da inflação

A Reserva Federal aumentou a taxa de juro de referência em 50 pb na semana passada, como já era esperado. Segundo o presidente Powell, a Fed também aumentará em 50 pb a taxa nas próximas duas reuniões. Após os últimos sinais a última semana, vemos as taxas da Fed a terminarem em 3,5% em meados de 2023. Além disso, o Banco Central anunciou que o Quantitative Tightening (QT) começará a partir de 1 de junho, com a intenção de reduzir o balanço em 95 mil milhões de dólares por mês, após um período de 3 meses com metade dos montantes.

Curiosamente, os mercados bolsistas subiram acentuadamente e as condições financeiras abrandaram depois de Powell ter atingido os 75 pb de aumento. O alívio para as bolsas de valores foi, no entanto, de curta duração. Ontem, vimos as bolsas a acordar para a realidade e a cair abruptamente, enquanto as yields dos EUA a 10 anos subiam para 3,10% – o valor mais alto desde dezembro de 2018, antes de recuarem um pouco. No futuro, a retirada da liquidez devido ao QT pesará provavelmente sobre os ativos de risco que sofreram de falta de liquidez e que foram comprados por investidores à procura de rendimento. Um ambiente tão volátil continuará a favorecer os ativos seguros como o USD, que vemos atingir a paridade em relação ao EUR no final do ano. O USD deverá também beneficiar do papel exportador de mercadorias dos EUA (alimentos e energia) e do facto da maioria das mercadorias terem preços em USD, para além do apoio das taxas ainda mais elevadas dos EUA. O dólar é assim como um seguro que paga um prémio.

No entanto, não foi apenas a Fed que aumentou as taxas. O Banco de Inglaterra (BoE) subiu em 25 pb para os 1%. O BoE tem um trabalho difícil, equilibrando o enfraquecimento da atividade económica e o aumento das pressões sobre os preços e salários. Três dos nove membros do Comité de Política Monetária apoiaram um aumento das taxas em 50 pb enquanto dois membros afastaram-se da ideia de que poderá haver mais aumentos de taxas. O BoE prevê uma inflação de 10% até finais de 2022 e o Governador Bailey referiu que o risco é ascendente, mas excluiu aumentos de 50 pb. Além disso, o BoE espera que a atividade económica abrande no próximo ano e que o desemprego aumente. Os mercados viram a subida da taxa de 25 pb como uma atitude dovish, levando as yields das obrigações do Reino Unido para baixo e a libra esterlina a desvalorizar.

 

Esta semana, tudo se resume aos números da inflação

Nos EUA, os números da inflação, que sairão na quarta-feira, serão o ponto alto da semana. Os dados de abril mostram pela primeira vez em muito tempo, uma desaceleração numa base anual, em comparação com o mês anterior. Esperamos que o número do IPC de abril mostre que a inflação caia para 8,2 a/a (consenso: 8,1) e a inflação core caia para 6,2 a/a (consenso: 6,1) à medida que comparamos os preços com os fortes aumentos de preços da primavera passada. Existe alguma incerteza adicional sobre este dado, uma vez que o Bureau of Labor Statistics está a substituir o seu fornecedor de dados sobre a componente Novos Automóveis e Camiões, que contribuiu com 0,47 pontos percentuais para o IPC de março. Os novos dados e a sua metodologia implicam que a inflação em Carros & Camiões novos tenha sido ainda pior desde o início da pandemia, em comparação com o índice antigo. Além disso, não mostra sinais de abrandamento, mas a maior parte do aumento de preços ocorreu na primavera do ano passado, o que implica um efeito de base mais elevado.

Na Suécia, a inflação para o mês de abril será divulgada na quinta-feira. Vemos o CPIF de abril a 6,2% a/a e o CPIF ex energia a 4,5% a/a, acima dos 4,1% em março. Esperamos assim que a forte tendência ascendente dos preços no consumidor se mantenha em grande parte em abril.  A questão não é se o Riksbank irá ou não aumentar as taxas em junho, mas sim em que medida.

Na Noruega, vemos a inflação core subir para 2,3% a/a de 2,1% em março.

 

Nuno Mello

Analista XTB

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