“Está a formar-se o grande caos”: impulso da Rússia no norte de África faz disparar os alarmes

A Rússia expandiu rapidamente a sua presença militar na Líbia, denuncia uma investigação do site independente russo ‘Verstka’, o ‘All Eyes On Wagner Project’ e o meio de comunicação financiado pelos EUA ‘Radio Free Europe/Radio Liberty’: citando fontes de agências de segurança da Líbia e dos militares russos, nas últimas semanas foram destacados pelo menos 1.800 soldados e mercenários russos para o país do norte de África – alguns foram transferidos para o vizinho Níger, o que tem feito aumentar as tensões entre Moscovo e Washington.

O grupo mercenário russo Wagner manteve uma presença secreta na Líbia após a deposição de Muammar Kadafi, apoiada pela NATO, em 2011. Washington acusou Moscovo de usar os seus mercenários na Líbia para interferir no conflito no país.

Após uma reunião entre o presidente russo, Vladimir Putin, e o comandante militar oriental da Líbia, Khalifa Haftar, no final de setembro de 2023, foi estabelecido um acordo de defesa que permitiria a Moscovo expandir a sua presença militar no leste da Líbia e poderia levar à criação de uma base naval.

Na altura, Jonathan Winer, antigo enviado especial dos EUA à Líbia, garantiu que os EUA estavam a levar a ameaça “muito a sério”. “Manter a Rússia fora do Mediterrâneo tem sido um objetivo estratégico fundamental – se a Rússia conseguir lá portos, isso irá dar-lhe a capacidade de espiar toda a União Europeia”, explicou.

Centenas de soldados de unidades de forças especiais russas, acompanhados por milhares de mercenários e tropas regulares, foram transferidos da Ucrânia para a Líbia no início deste ano: foram vistos militares e equipamentos russos em bases em pelo menos 10 locais no leste da Líbia desde março, concluiu a investigação.

Uma fonte do Ministério da Defesa russo, em declarações ao ‘All Eyes On Wagner’, indicou que visitou a Líbia em várias ocasiões antes da invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro de 2022. “Ele diz que nunca houve tanto barulho. Estão a formar-se aqui mudanças tectónicas. Ele acha que ‘está a formar-se o grande caos'”, salientou o projeto.

Alguns dos recém-chegados da Rússia e da Ucrânia têm participado em missões de combate específicas. Outros estão a treinar forças locais e novos recrutas para o Grupo Wagner, conclui a investigação.

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