Está a desenhar-se um novo mapa nuclear: Países e empresas procuram nova energia enquanto outros vão ter um ‘apagão’
Com a crescente procura por energia limpa, vários países estão a investir em novas pequenas centrais elétricas e reatores modulares, muitos dos quais podem até ser instalados em plataformas flutuantes. Esta tendência surge num contexto em que a energia nuclear está a ser vista como uma solução complementar às renováveis, especialmente devido à sua capacidade de fornecer energia de forma contínua, ao contrário da energia solar e eólica, que dependem de fatores como o sol e o vento.
Um exemplo recente vem da Constellation, que assinou um acordo com a Microsoft para fornecer eletricidade livre de emissões de gases de efeito estufa a partir da antiga central nuclear de Three Mile Island, nos EUA. Esta unidade, que foi palco do maior acidente nuclear na história do país em 1979, será reativada após um investimento de 1,4 mil milhões de euros, conta o ‘El País’.
Porém, em países como Espanha, a situação é diferente. O país prepara-se para um apagão nuclear gradual, que ocorrerá entre 2027 e 2035. Durante este período, será necessário recorrer ao gás natural em momentos de pico de consumo, principalmente quando as fontes renováveis não forem suficientes, como nas noites de verão. Isto traz desafios adicionais, já que o sistema de energia dependerá de soluções de armazenamento que ainda estão a ser desenvolvidas, como baterias e hidrogénio verde.
Além das preocupações ambientais com os resíduos nucleares, a possível fuga de conhecimento e capacidades é outro desafio. Com o desmantelamento das centrais nucleares espanholas, muitas competências especializadas poderão migrar para outros países que continuam a investir no setor.
A aposta nos reatores modulares (SMR) tem sido vista como uma possível solução para o futuro da energia nuclear. Estes pequenos reatores têm vindo a ser desenvolvidos em países como Rússia, Canadá, EUA e China. A Rússia, por exemplo, já opera o “Akademik Lomonosov”, uma central nuclear flutuante que fornece eletricidade a uma zona remota na Sibéria.
Contudo, os críticos, como a Greenpeace, mantêm-se céticos quanto à viabilidade desta tecnologia. Para eles, os SMR continuam a ser caros e de implementação lenta, em comparação com as energias renováveis, que são mais rápidas, baratas e seguras. Além disso, levantam preocupações com a gestão dos resíduos nucleares e o perigo de acidentes.