Está a caminho uma «guerra» para travar a poluição marítima. E estes são os vencedores e os vencidos

As manchas de petróleo cru deixaram a International Maritima Organization (IMO) em alerta e estão a fazer soar os alarmes dos maiores produtores mundiais. A partir de 1 de Janeiro de 2020 as regras vão apertar para os navios que utilizem combustível com um teor de enxofre superior a 0,5%.

O limite máximo actual é de 3,5% e, segundo a “CNBC”, estima-se que o combustível mais utilizado hoje tenha 2,7%. A menos de dois meses desta mudança, quem ganha com esta decisão e quem são os vencidos?

Cas Pouderoyen, vice-presidente sénior da multinacional de logística Agility, é peremptório: «É uma grande vitória para a humanidade e a natureza». Pouderoyen acredita que esta medida terá «benefícios tangíveis para a saúde», sobretudo junto daas comunidades costeiras ou aquelas que vivem perto das principais rotas de navegação.

A indústria naval enfrenta uma intensa pressão para reduzir as emissões de óxidos de enxofre, uma vez que têm efeitos negativos para a saúde humana e é um componente da chuva ácida, o que prejudica a vegetação e as espécies aquáticas.

Um estudo sobre os impactos do enxofre na saúde humana, publicado em 2016 e citado pela OMI, estima que mais de 570 mil mortes prematuras venham a ser evitadas entre 2020 e 2025 com a introdução destas novas regras.

Até agora, mais de 170 países aderiram às novas regras da IMO. «Os Estados Unidos estão muito bem posicionados, grandes empresas de mercados emergentes têm feito progressos e a maioria dos players europeus também», afirma Neil Millar, consultor da Lazard Asset Management.

No entanto, a entrada em vigor de novas regras constitui uma grande preocupação para alguns dos maiores produtores mundiais de petróleo. «Vai aumentar os custos para muitos importadores e exportadores», avisa Pouderoyen, da Agility, destacando que «o impacto vai ser bastante dramático» tendo em conta a vulnerabilidade de algumas commodities de baixo valor, como a madeira e plásticos.

«Todos pensam que o aumentos dos custos irá prejudicar as importações e exportações e que, por isso, haverá custos para os consumidores. Mas isso pode não vir a acontecer. Históricamente não há evidências que sustentem isso», alega Berglund, da Xeneta.

De acordo com um relatório da “Reuters”, citado pela “CNBC”, gigantes da indústria dos contentores, como a A.P. Moller-Maersk e a MSC, poderão estar entre os mais afectados, com custos de 10 mil milhões de dólares. 

«Esta é a oportunidade de uma vida inteira para as linhas de navegação aumentarem os preços, porque toda a indústria espera um aumento dos custos», diz Berglund.
«Na pior das hipóteses, pode resultar no desfecho da Hanjin», acrescentou, referindo-se ao colapso da Hanjin Shipping, que chegou a ser a maior companhia de navegação da Coreia do Sul até falir em 2017.

Recorde-se que, de acordo com a Organização das Nações Unidos, mas de 90% do comércio mundial é transportado por mar. É também, de longe, a forma mais rentável de transportar mercadorias e matérias-primas.

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