Espiões chineses apanhados em Fátima
Dez indivíduos, que se identificaram como funcionários da embaixada chinesa em Portugal, terão tentado condicionar a participação do cardeal Joseph Zen Ze-kiun, arcebispo emérito de Hong Kong e opositor do regime de Pequim, num encontro de líderes religiosos e políticos em Fátima, entre 22 e 25 de Agosto, avança o “Correio da Manhã” (CM).
Ao que o CM apurou, a alegada equipa de serviços secretos passou quase uma semana na zona do Santuário. Como o encontro era exclusivo para convidados, terão realizado observação à distância e inquirido várias pessoas com quem suponham que o prelado tivesse contactado para recolha de informações. O cardeal, de 87 anos, está no “top ten” da lista dos grandes inimigos do governo chinês.
As acções por parte dos cidadãos de nacionalidade chinesa não passaram despercebidas às autoridades portuguesas e não está descartada a hipótese de se tratarem de agentes dos serviços secretos da China. Mas, apesar da conduta intimidatória, não deverão ser consideradas crime público.
À revista “Sábado”, o gabinete de Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros, confirmou que está a investigar se a deslocação dos cidadãos chineses a Portugal está de acordo com a legislação. O Presidente Marcelo Rebelo de Sousa também já foi notificado informalmente dos acontecimentos.
O encontro, organizado pela International Catholic Legislators, reuniu cerca de 200 líderes políticos e religiosos ultraconservadores em Fátima, durante a terceira semana do passado mês de Agosto. Contou, por exemplo, com a presença de dois deputados do governo de Hong Kong, do bispo que apoia os protestos pró-democracia na antiga colónia britânica, Viktor Órban, primeiro-ministro húngaro, e Mick Mulvaney, chefe de gabinete do presidente do Estados Unidos, Donald Trump.