Espanha: Podem as refinarias seguir o destino trágico da mineração?

Numa altura em que aumenta a pressão entre os países para a aceleração da transição energética, Espanha aprovou uma Lei sobre as Alterações Climáticas que vai no mesmo sentido.

Dado que existem várias refinarias no país sem utilidade, o plano passa por inverter o seu modelo de produção para deixar de refinar petróleo e passar a processar os biocombustíveis. Contudo, a Repsol, Cepsa e BP – as três empresas que gerem o parque das refinarias – não estão totalmente de acordo com a nova legislação.

As três empresas de petróleo defendem que o compromisso do Governo com a eletricidade desencoraja o investimento de milhares de milhões na produção de refinarias verdes.

Os trabalhadores da Petronor acreditam que se não protestarem agora, poderá ser demasiado tarde, dado que as refinarias, que sustentam a economia dos locais onde estão localizadas, poderão seguir as pisadas da exploração mineira.

Os sindicatos da empresa espanhola, detida em 85% pela Repsol, organizaram protestos e marchas durante duas semanas, além de terem anunciado uma greve de nove dias para as primeiras duas semanas de junho.

“A Petronor está envolvida em projetos de produção de hidrogénio com outras empresas. Se esse hidrogénio for produzido em Muskiz, por nós tudo bem, mas eles não estão a formar os trabalhadores. A falta de formação é uma parte fundamental dos nossos protestos”, explicou Jabi Losa, porta-voz do sindicato dos Trabalhadores pela Unidade (TU).

“Vamos mudar o modelo energético nos próximos anos. Temos de poluir menos e as refinarias estão num ponto estratégico. Mineração industrial, estaleiros navais, já vimos o que aconteceu a estes setores e não queremos ser os próximos. Chegámos a tempo. Daí estes protestos, queremos encontrar uma solução laboral antes que o grande problema chegue dentro de cinco ou 10 anos, porque depois milhares de trabalhadores podem ir para a rua e regiões inteiras caem numa enorme crise social”, continuou o mesmo responsável.

Na opinião de Oscar Charte, porta-voz do sindicato ELA, “estão a amortizar empregos de forma disfarçada”. “Ofereceram-nos até 80% do salário e não perdemos férias, mas não partilhamos as causas e é por isso que o rejeitamos. 70% dos trabalhadores concordam em entrar em greve em junho”, referiu.

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