Espanha é ‘apagada’ na sua fronteira com França no País Basco
A fronteira entre Espanha e França na Ponte de Santiago, que liga a cidade francesa de Hendaye e a espanhola Irun, através da fronteira natural do rio Bidasoa, tem sido alvo de polémica: nesse ponto, revela o jornal espanhol ‘ABC’, as placas que anunciam a fronteira têm sido vandalizadas – num dos lados da fronteira, permanecem impecáveis as três placas que anunciam a entrada em Guipúzcoa (em basco) e França e Lapurdi no sentido oposto. Este último é o nome toponímico da província francesa adjacente a Espanha, que no entendimento do movimento independentista basco faz parte dos sete territórios que constituem o Euskal Herria.
“Há anos que é assim”, relatam os habitantes locais, que aproveitam a liberdade de circulação de mercadorias e de pessoas que permite fazer parte da União Europeia e, em concreto, do Espaço Schengen. É um dos três pontos de passagem terrestre entre Espanha e França no País Basco. O local tem sido marcado pela tragédia: as patrulhas da polícia francesa reduziram a sua presença na área depois de pelo menos três imigrantes subsaarianos afogaram-se no rio nos últimos anos, quando procuravam evitar os controlos policiais para chegar dos Pirenéus.
A ponte internacional de Behobia, a três quilómetros da de Santiago, é o segundo dos pontos fronteiriços transitáveis, onde habitualmente está estacionado um destacamento das forças de segurança francês. Também aqui as placas são vandalizadas: uma placa indica a entrada de Guipúzcoa, outra, em sentido inverso, sinaliza Lapurdi e, atrás desta, uma placa dependente do Departamento dos Pirenéus-Atlânticos (administração francesa) indicando que se está em França em letras brancas sobre fundo azul. O último é a autoestrada AP-8, a uma altura próxima do município francês de Biriatou, onde existe uma placa de passagem para o território nacional onde se lê Espanha dentro das estrelas que representam a União Europeia.
A responsabilidade da manutenção da sinalização cabe ao Conselho Provincial de Guipúzcoa, que se recusaram comentar. No entanto, de acordo com a publicação, a “negligência” que o Executivo regional e a Delegação do Governo têm demonstrado nas últimas décadas relativamente a esta questão é visível. “Ninguém se importou, não fizemos nada”, pelo que a distinção que existe é “entre Guipúzcoa e Lapurdi e não entre Espanha e França”. Ninguém sabe quem são os responsáveis pela vandalização da placa da ponte de Santiago, atrás da qual poderá estar algum grupo “radical” da zona, segundo os moradores locais. Na verdade, nos seus tijolos é possível ver vários grafittis com mensagens como “romper as fronteiras” ou “assassinos de fronteiras” escritas em basco.