Espanha quer uma mulher a substituir Guterres no cargo de secretário-geral da ONU
Pedro Sánchez, primeiro-ministro espanhol, defendeu esta segunda-feira, nas Nações Unidas, que o próximo secretário-geral da organização seja uma mulher, sucedendo a António Guterres. Durante a sua intervenção na Cimeira do Futuro, realizada em Nova Iorque, o líder socialista aproveitou para destacar a importância da igualdade de género e propor um sistema de alternância de género na presidência da Assembleia Geral da ONU.
Sánchez classificou a igualdade de género como um dos grandes desafios globais, apelando a “resistir contra qualquer retrocesso nos direitos das mulheres e meninas”. Afirmou que estas devem participar “de forma plena, igualitária e efetiva nos processos de paz”, sublinhando que tal é fundamental para alcançar “sociedades mais justas e uma paz duradoura”, de acordo com os princípios do Pacto do Futuro.
O presidente espanhol realçou que a igualdade de género deve ser uma prioridade constante da agenda internacional, especialmente num contexto global em que os direitos das mulheres ainda enfrentam ameaças significativas.
Além de promover a igualdade de género, Pedro Sánchez apresentou propostas económicas de grande alcance, como a introdução de um imposto mínimo global sobre grandes fortunas e uma tributação mais justa. Segundo ele, é necessário que os sistemas fiscais mundiais sejam mais eficazes e transparentes, permitindo “a mobilização de recursos domésticos” de forma a garantir a equidade.
O líder espanhol defendeu, igualmente, a implementação completa dos dois pilares da OCDE e do G20 relativos à tributação das multinacionais, considerando-os uma base sólida para um futuro acordo internacional de cooperação tributária.
Outro tema abordado foi o desenvolvimento da Inteligência Artificial (IA) e de novas tecnologias. Sánchez sublinhou a importância de um “desenvolvimento responsável” destas inovações, pedindo a criação de normas internacionais que garantam “um uso ético, a transparência no desenvolvimento e o acesso justo” à IA.
O primeiro-ministro de Espanha recordou que o país foi o primeiro a criar uma agência de supervisão de IA e afirmou que a ONU deve desempenhar um “papel central” na definição de um sistema de governança global para a tecnologia. Para Sánchez, é essencial que a comunidade internacional se organize rapidamente, de forma a mitigar riscos e maximizar os benefícios da IA.
Ao valorizar o relatório do órgão consultivo do secretário-geral da ONU, presidido pela espanhola Carme Artigas, o presidente espanhol classificou a Cimeira do Futuro como um “antídoto contra o medo e uma inspiração para a esperança”. Convidou ainda os presentes a participar no Fórum de Desenvolvimento da ONU, que ocorrerá em Sevilha entre 30 de junho e 3 de julho de 2025.
Crise climática e direitos humanos como desafios centrais
Entre os vários desafios globais que Sánchez abordou, destacou-se a emergência climática. Considerou que a próxima Cimeira do Clima, a realizar-se em Baku, Azerbaijão, é uma oportunidade única para adotar uma agenda climática “reforçada, justa e equitativa”. Defendeu também uma nova arquitetura financeira internacional que facilite o acesso a fundos para enfrentar o impacto das alterações climáticas, sem obrigar os países a escolher entre pagar dívidas ou financiar ações contra o aquecimento global.
O líder do Governo espanhol reafirmou o compromisso de Espanha em mobilizar 1.350 milhões de euros anuais em financiamento climático a partir do próximo ano, reforçando o papel do país na liderança climática internacional.
Pedro Sánchez sublinhou ainda a importância de manter um compromisso firme com os direitos humanos e a dignidade das pessoas, especialmente em tempos de conflito. “É fundamental garantir o respeito pelo direito internacional e pelos princípios da Carta das Nações Unidas”, declarou. Destacou também que o respeito pela dignidade humana “não pode ser seletivo nem condicionado por interesses políticos ou estratégicos”, reiterando o papel de Espanha na promoção desses valores em todo o mundo.