Escalada à vista? Coreia do Sul testa pela primeira vez em sete anos mísseis Taurus que podem atingir Pyongyang em poucos minutos

A Força Aérea da Coreia do Sul testou, pela primeira vez em sete anos, os mísseis de cruzeiro Taurus, numa demonstração clara de poderio militar num momento de tensão crescente na península coreana. O teste surge poucos dias após o anúncio de Pyongyang de que está a cortar estradas e linhas ferroviárias que conectavam as duas Coreias, declarando formalmente o Sul como o seu principal inimigo.

Esta sexta-feira, caças F-15 da Força Aérea sul-coreana lançaram os mísseis Taurus, que percorreram 400 quilómetros até atingirem o alvo simulado, conforme explicou uma fonte militar à agência de notícias Yonhap. Esta é a primeira vez que Seul realiza manobras militares com fogo real utilizando os mísseis Taurus desde setembro de 2017, quando respondeu à sexta e mais recente prova nuclear realizada pela Coreia do Norte.

Os mísseis Taurus, disparados a partir de caças, são projéteis de longo alcance com capacidades furtivas, capazes de voar quase à velocidade do som. Este tipo de armamento é considerado pela Coreia do Sul como uma ferramenta essencial para atingir alvos estratégicos na Coreia do Norte, incluindo bunkers, em poucos minutos. Segundo a fonte, os testes ocorreram na terça e quinta-feira no Mar Amarelo, uma área crítica nas tensões entre as duas Coreias.

Ao mesmo tempo que os testes militares decorriam, o Ministério da Unificação da Coreia do Sul, responsável pelas relações com o Norte, informou que um cidadão norte-coreano conseguiu cruzar para o Sul, através da fronteira marítima de facto, no Mar Amarelo. O incidente, ocorrido a 17 de setembro, marca a terceira deserção deste tipo nos últimos meses, num momento em que as atenções estão voltadas para a Linha Limite Norte (NLL), a fronteira marítima não consensual que divide as águas das duas Coreias no flanco ocidental da península.

Esta linha foi traçada em 1953 pelo Comando das Nações Unidas, liderado pelos Estados Unidos, no final da Guerra da Coreia, mas nunca foi reconhecida pela Coreia do Norte. A recente aprovação de uma emenda constitucional pelo Parlamento norte-coreano pode ter consequências futuras para a área em torno da NLL, uma vez que o líder Kim Jong-un apelou a uma redefinição das fronteiras territoriais na nova Carta Magna.

Na quarta-feira, o Exército norte-coreano comunicou por telefone ao Comando da ONU que havia iniciado um processo para “cortar completamente” as estradas e linhas ferroviárias que conectam o Norte ao Sul e para “fortificar as áreas pertinentes”. Esta ação parece ser uma resposta direta à emenda constitucional, cujo conteúdo exato ainda não foi divulgado pelos meios de comunicação norte-coreanos. No entanto, analistas especulam que o endurecimento das fronteiras entre as duas Coreias e o fortalecimento militar da Coreia do Norte podem sinalizar uma escalada de tensões na região.

Os mísseis Taurus representam uma poderosa ferramenta no arsenal sul-coreano, dada a sua capacidade de realizar ataques precisos a longa distância. Com o aumento das tensões na península, a Coreia do Sul procura, com estas manobras, enviar uma mensagem clara de prontidão e capacidade defensiva, enquanto a Coreia do Norte continua a desafiar a ordem internacional com medidas provocatórias.

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