Época dos furacões já chegou ao Atlântico Norte e pode superar a dos anos mais catastróficos: temperaturas recorde assustam especialistas
Faltam alguns meses para a época dos furacões no Atlântico Norte, mas as temperaturas das águas estão quentes para este início do ano, o que faz aumentar o risco de uma época de tempestades intensa, que poderá ser potenciada pela ‘La Niña’, alertaram esta segunda-feira os cientistas. Esta época pode ser comparada com as de 2010 e 2005, duas das mais ativas, com tempestades como ‘Katrina’, ‘Rita’ e ‘Irene’: entanto, as anomalias estão agora mais acentuadas.
“Esta época deverá ser a todo o vapor, porque não há fator a contrariar esta época ativa de furacões”, salientou Brian McNoldy, investigador sénior da Universidade de Miami, em declarações à ‘CNN’. “É provável que tenhamos um oceano anormalmente quente e condições neutras ou a ‘La Niña’ no pico da temporada de furacões – tudo o que não se quer se quisermos menos tempestades no Atlântico.”
Não só a frequência das tempestades, mas também a potência das mesmas: a água quente fornece o combustível necessário para ajudar as tempestades a formarem-se, mas também a aumentar a sua força.
No início deste mês, as temperaturas da superfície do Oceano Atlântico Norte atingiram níveis sem precedentes: um grau acima do normal, mais semelhante a junho do que a fevereiro – são ainda mais elevadas na zona onde se forma a maioria dos furacões, com níveis semelhantes aos registados em julho.
Este é um novo capítulo de temperaturas oceânicas recorde, que começaram em março de 2023 e desde então não parou, impulsionadas por um super ‘El Niño’’ e pelas alterações climáticas provocadas pelo homem, salientou McNoldy. “O calor estava tão acima de tudo o que já tinha sido observado que parecia impossível que acontecesse.”
O risco de uma época de furacões perigosa está em cima da mesa. “Estamos em fevereiro e muita coisa ainda pode mudar. Mas se isso não acontecer, esta poderá ser uma época muito agitada”, garantiu Phil Klotzbach, investigador da Universidade do Estado do Colorado.
As temperaturas do Atlântico Norte normalmente só aumentam a partir desta altura, subindo na primavera e atingindo o máximo no início do outono, quando a época dos furacões também atinge o seu pico. E é “quase certo” que vão continuar a ser mais quentes do que o normal durante o verão, indicou McNoldy.
No entanto, as previsões tornam-se ainda mais alarmantes quando conjugadas com a probabilidade de uma ‘La Niña’ – um padrão oceânico e meteorológico sobre o Pacífico tropical que tem tendência para amplificar a época dos furacões no Atlântico. Quanto mais cedo o ‘La Niña’ chegar, mais cedo influenciará a época dos furacões.
“Se não quisermos uma época de furacões ativa, é preciso que a ‘La Niña’ demore o máximo de tempo possível a começar”, disse McNoldy.