Entrevista a Miguel Matos: «Somos dos maiores exportadores portugueses»

A chegada da Covid-19 não vai alterar todos os planos da Tabaqueira para a fábrica de Sintra. A ambição já declarada de Miguel Matos, director-geral, era a de modernização e instalação de uma unidade de tabaco aquecido (vulgo Heets). Naquela que foi a primeira entrevista da Executive Digest em início de desconfinamento – no espaço da iQOS, ao Chiado, em Lisboa –, conduzida pela directora de redacção M.ª João Vieira Pinto e pelo jornalista António Sarmento, o director-geral da Tabaqueira a vontade e confirmou a estratégia: «Uma parte fundamental do nosso negócio é a exportação. Produzimos, por ano, 26 mil milhões de cigarros, sendo que 82% é para exportação. Somos dos maiores exportadores portugueses com 600 milhões de euros em 2019. No período de pandemia continuámos a produzir, até aumentámos a nossa produção para garantir stocks», contou, lembrando que em causa estão perto de 1000 trabalhadores .

«A nossa contribuição, nesta altura, para os resultados da PMI (Philip Morris International), enquanto empresa exportadora também nos coloca numa boa posição para atrair investimento para Portugal. Porque continuamos a ambicionar converter algumas linhas de produção nos novos produtos de tabaco aquecido», confirmou Miguel Matos. E destacou que essa mesma transformação acontecerá à medida que for acontecendo a conversão ao nível do consumo – neste momento há 14 milhões de utilizadores de tabaco aquecido a nível mundial; em Portugal são cerca de 200 mil.

Quanto ao regresso à normalidade, será faseado, considera. Há muitas funções que se manterão em teletrabalho e alguns serviços oferecidos em tempo de pandemia que não serão ainda descontinuados, como o reforço dos canais digitais e remotos: «Tudo terá que ser feito de forma faseada, até porque tudo funcionou muito bem de forma remota. Acredito que o trabalho remoto veio mesmo para ficar. Na Tabaqueira sempre fomos avaliados por objectivos, pelo que se entrega e, não, pela presença física. Estamos muito habituados à mudança. Fomos o quarto País a lançar o iQOS, no mundo, e esta é uma visão muito disruptiva da empresa. Queremos deixar de comercializar cigarros convencionais . Dizer isto a uma empresa que só comercializava cigarros convencionais é algo completamente disruptivo. Isso ajudou-nos muito a adaptar-nos a esta nova realidade», frisou o responsável na décima CEO’s Talks by Executive Digest.