Entrar agora em bolsa ou esperar? Investir em criptoativos durante o conflito? Analistas respondem

Depois de dois anos a viver em pandemia, em que a atenção de muitos investidores foi atraída pelas fortes valorizações de vários ativos, principalmente do setor tecnológico e do mercado das criptomoedas, o mundo não estava preparado para um conflito como o que se vive em solo ucraniano, o que veio gerar incerteza no mercado.

Durante a pandemia o excesso de liquidez e a forte intervenção por parte dos bancos centrais, com o intuito de atenuar os efeitos das medidas de confinamento, foram também um grande apoio, acabando por trazer novos investidores de retalho para os mercados financeiros.

No entanto, numa era pós-pandemia, inicia-se o ataque da Rússia à Ucrânia, e as principais bolsas ficam sob pressão, sobretudo os índices europeus e o setor tecnológico nos EUA. Paralelamente o setor tecnológico americano tem sido prejudicado pela implementação de políticas monetárias mais restritivas conduzidas pela Fed, o que leva a uma preocupação acrescida e uma incerteza nos investidores.

“Neste momento, o clima de incerteza relacionado com a invasão russa na Ucrânia tem sido o principal driver para os mercados, e, enquanto não existirem dados concretos que permitam perceber se efetivamente a Rússia pode dar início a uma invasão mais agressiva na Ucrânia ou se existe espaço para um acordo entre ambas as partes que vise um cessar-fogo, os mercados deverão permanecer voláteis e condicionados pelas manchetes que são divulgadas em torno do conflito no Leste da Europa”, explica Henrique Tomé, analista da XTB.

O analista explica que este clima de incerteza tem contribuído para a desvalorização dos ativos de risco, como é o caso das ações e das criptomoedas). No entanto, muitos destes ativos estão a ser negociados a preços atrativos que podem começar a captar o interesse de investidores a longo prazo com maior tolerância ao risco.

No caso dos investidores mais conservadores, esta volatilidade e incerteza não é favorável para se posicionarem no mercado.

Henrique Tomé sublinha que numa análise mais ampla ao mercado conseguimos perceber que os criptoativos têm sido mais resilientes do que os mercados tradicionais. “Embora também tenha sofrido fortes desvalorizações, se compararmos com as quedas nos ativos tradicionais, a escala das correções é até menor, principalmente porque se trata dum mercado muito mais volátil”.

Este é um ecossistema que tem captado a atenção de mais investidores e empresas que estão a recorrer à tecnologia blockchain para inovarem e aumentarem a sua capacidade de resposta e a sua segurança.

No entanto, alerta o analista, “este é um mercado que nem todos os investidores conseguem digerir, uma vez que é extremamente volátil e as flutuações nos preços dos ativos tendem a afastar os mais conservadores”.

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