Ensino técnico-profissional, estabilidade fiscal e amortização goodwill: As três ideias do CEO do Super Bock Group para fazer crescer as empresas (e a economia)
Rui Lopes Ferreira, CEO do Super Bock Group foi o primeiro orador a ter honras de palco após o Keynote Speaker, Paulo Macedo, Presidente da Comissão Executiva e Vice-Presidente do Conselho de Administração, da Caixa Geral de Depósitos. O empresário começou a sua intervenção com um “contributo modesto”, quanto a ideias e medidas que podem contribuir para o crescimento do País.
“Todos nós temos consciência que diagnósticos já muito estão feitos, o que nos está a faltar é execução”, introduziu, diferenciando entre competitividade e produtividade e notando de que “Portugal tem um problema de produtividade e não de competitividade”, exemplificando com o sistema de saúde, justiça ou acesso a capital.
O responsável da maior empresa portuguesa de bebidas passou apresentar três medidas/ideias de incremento da situação económica do País, focadas na produtividade:
1 – Talento – Promoção do ensino técnico-profissional, prestigiando e dinamizando recursos técnicos. “Sentimos uma falta brutal no recrutamento de técnicos especializados”, sublinhou, relatando a experiência no Super Bock Group. “Hoje em dia temos muitas fragilidades nesta matéria, e a estratégia de formação e qualificação que tem sido adotada, não tem valorizado devidamente o ensino técnico-profissional”, assinalando que é um problema também da própria sociedade, que também atribui maior peso ao ensino científico. “Temos que ultrapassar o estigma associado ao ensino técnico-profissional”, afirmou Rui Lopes Ferreira.
2 – Estabilidade Fiscal – Estabilidade mínima de um imposto após a sua alteração – É absolutamente decisivo, não s+o ao nível do IRC, mas de todas as taxas e taxinhas”. O responsável explicou que, nos últimos 30 anos, apenas no IRC “tivemos 1355 alterações” (quase 50 por ano), o que é grave porque “a capacidade de previsão e planeamento é diminuta, e isso tira confiança ao investimento, que necessita de estabilidade”. Exemplificou que depois de alteração a uma taxa, tem de haver um período de adaptação e de continuidade de aplicação da mesma. Ao mesmo tempo, referiu que as alterações contantes à legislação laboral também não são estimulantes para as empresas.
3 – Permitir a Amortização Goodwill para fins fiscais – “As empresas de maior dimensão em Portugal são as que investem mais, inovam mais, que pagam melhores salários. Precisamos desesperadamente de aumentar a dimensão das nossas empresas”, afirmou o CEO do Super Bock Group. Como estimular o crescimento das empresas? “Sabendo que o crescimento orgânico é lento, e sabendo que quanto maiores as empresas, maior a produtividade, m estímulo muito forte seria permitir a amortização goodwill nas aquisições. Os ativos intangíveis são hoje em dia a maior fatia de valor das empresas”, exemplificou, afirmando que são estes ativos que são pagos quando alguém que comprar a empresa. “Temos 20-20 países que o permitem no mundo”, segundo Rui Lopes Ferreira, e seria uma medida cuja operacionalização teria de ser estudada em Portugal, significaria um fator de diferenciação (pela positiva) do nosso País no mercado, referindo que é uma ideia já em aplicação há vários anos em Espanha (um dos pouquíssimos países europeus que tem a medida).
“Em termos destas medidas, e olhando a benchmarks, isto permitiria fazer aproximar da Alemanha, Irlanda e Espanha (respetivamente)”, e garantir uma evolução, terminou.
A XXVII Conferência Executive Digest juntou em palco os nomes mais relevantes do tecido empresarial nacional para debater o tema “É Agora Portugal!!! 12 ideias para melhorar o País”. A Conferência conta com o apoio da Altice, Capgemini, Caixa Geral de Depósitos, Delta Q, Fidelidade, Lusíadas Saúde, Randstad, MC Sonae, Tabaqueira, Unilever, e ainda com a parceria da Capital MC, Neurónio Criativo e Sapo.