Ensaio Ariya: A nova Nissan é cada vez mais atraente
A Nissan tem-nos habituado ao longo da sua história a lançar alguns modelos e algumas tendências que acabaram por perdurar no tempo.
Sendo um saudosista, recordo-me dos Datsun 1200, SSS, 340Z que, na altura representaram verdadeiras referências no mundo automóvel. Mantém, em minha opinião, pelo menos em Portugal, esse “efeito histórico” que ainda perdura na mente de muitos consumidores, seja dos nossos pais seja por “hereditariedade” nalguns dos filhos.
Mas hoje estamos aqui para falar Nissan e da marca que lançou o Qashqai, um crossover que veio revolucionar todo um segmento e obrigar todas as marcas a irem atrás, sendo notícia pelas grandes listas de espera que, nalguns casos superavam os dois anos. Mais tarde, a marca antecipou-se lançando o primeiro Nissan elétrico – LEAF -, obviamente ainda com pouca autonomia e com uma rede de carregamentos em Portugal fraca, para não dizer quase nula. Mesmo assim, o Leaf foi um sucesso e muitos clientes ainda se mantêm fiéis ao mesmo: Obviamente, este evoluiu imenso em termos de tecnologia, capacidade das baterias, qualidade de construção, entre outros. No entanto, o fator inovação está bem patente na Nissan.
E, por isso mesmo o Ariya é disso um exemplo. Entra no mercado dos automóveis elétricos com uma plataforma da aliança, mais concretamente a mesma do Renault Mégane e com a criação de um automóvel muito interessante, diferente do usual, bastante futurista e que, depois de ensaiado percebemos o quão bom ele é.
Exteriormente futurista, arrojado, belo, robusto e com uma conotação premium. A frente é dominada pela grelha fechada a negro com o (novo) logotipo da Nissan, com uma assinatura luminosa esguia e quase horizontal.
A zona lateral segue o design de um Crossover coupé típico mas que não belisca o acesso aos lugares traseiros. Se juntarmos que a nova tendência estilística das marcas aposta nos plásticos escuros, faróis escurecidos, jantes e teto negro, então o Ariya mais se destaca com uma conotação premium que este modelo quer e consegue transparecer.
No interior, a marca teve o cuidado de o desenhar, como a TESLA, de um modo minimalista como se de uma grande sala de estar se tratasse, com o piso completamente plano para criar muito muito espaço interior, tanto à frente como nos três lugares traseiros, onde todos viajam com bastante espaço, seja em comprimento como em largura.
Na zona dianteira encontramos um tablier diferente do usual, muito minimalista com um duplo ecrã. Conjugados – painel de instrumentos e ecrã central – apresentam muito boa legibilidade e usabilidade. Por baixo dos mesmos, num traço muito bem conseguido surge um painel em imitação de madeira com botões hápticos – onde, através de um toque com uma ligeira pressão conseguimos efetuar funções como as do AC. A consola central é, também ela, distinta do habitual pois é deslizante, onde possui o botão para o e-pedal e para os três modos de condução – Sport, standard e eco.
Com uma posição de condução muito bem conseguida, como numa sala de estar, é hora de o ensaiar em estrada e perceber as mais-valias do modelo. A marca definiu-o como suave e requintado e, é um pouco isto que o ARIYA é, nesta versão de 63kw e com uma autonomia de cerca de 300km – consegue efetuar a 120km/h Lisboa Algarve.
Suave no arranque, confortável e previsível. Robustez e bom comportamento são outros itens que o definem, com uma suspensão que lê e filtra bem as irregularidades dos vários pisos e uma insonorização muito bem conseguida.
Em resumo, a Nissan está de parabéns pelo modo como conseguiu conceber um automóvel que pretende também ele competir com os restantes elétricos do mercado, com um valor de mercado a partir dos €54.000, com muito equipamento, robusto, com qualidade de construção e de materiais mas também pelo modo como a Nissan trouxe para este modelo todo o seu know-how na arte de construir automóveis eficazes, eficientes, com um comportamento muito assertivo e um conforto elevado.