Energéticas europeias podem já ter cedido a Putin e estar a pagar gás em rublos
Algumas empresas do setor da energia da União Europeia estão a considerar pagamentos na moeda russa para importar gás natural da Rússia, numa jogada que poderá minar a coesão do bloco europeu e injetar milhares de milhões de euros na economia russa, além de subverter o regime de sanções ocidentais.
Informação avançada pelo ‘Financial Times’, citando fontes anónimas, revela que um grupo de energéticas europeias da Alemanha, Áustria, Hungria e Eslováquia, estão em negociações com a Gazprom, empresa estatal de gás natural liquefeito controlada pelo Kremlin, para definir as condições dos pagamentos. Acredita-se que desse grupo façam parte a austríaca OMV e a alemã Uniper, dois dos maiores compradores de gás russo.
Confirmando as intenções da empresa sediada em Düsseldorf, fonte da Uniper disse à ‘BBC’ que “consideramos possível um pagamento por conversão que esteja de acordo com as sanções e com o decreto russo”.
De acordo com a ‘Bloomberg’, já quatro empresas europeias compraram gás russo à Gazprom a troco de rublos, e que 10 já terão abertos contas no Gazprombank, a secção financeira da energética russa, sediada na Suíça.
Em março, o Presidente Vladimir Putin decretou que a Rússia só aceitaria pagamentos em rublos pelo seu gás natural liquefeito (GNL), pelo que os países que pretendessem comprá-lo teriam de abrir contas no Gazprombank. O Kremlin defende que tal não infringe as sanções lançadas sobre a Rússia, mas esta parece ser uma “zona cinzenta” e ainda não é certo até que ponto este sistema de pagamento instalado pelo governo russo viola efetivamente o regime sancionatório aplicado por Bruxelas.
Consta que os pagamentos através do Gazprombank continuariam a ser feitos em euros, permitindo que as empresas europeias mantivessem o cumprimento das novas regras. Contudo, esse dinheiro seria depois convertido em rublos numa segunda conta no nome da mesma empresa nesse banco e dado como pagamento à Rússia pelo gás natural comprado.
Fontes do ‘FT’ explicam que os conselheiros da CE receiam que impor sanções ao Gazprom possa comprometer todo o sistema de compra de gás à Rússia, o que teria sérias consequências de fornecimento do produto energético para a Europa. O vice-presidente da CE Valdis Dombrovskis diz que cabe às empresas cumprirem com as regras da Europa e não fazer pagamentos em rublos.
(Notícia atualizada às 13:34)